Escala em São Paulo, pensamento em Macapá

No vão entre um café amargo e a chamada de embarque, um funcionário público pensa nas promessas que se afastam do povo

Aeroporto de Guarulhos, 16h43.

Por Jairo Menezes

Em cima da cadeira de alumínio, meu corpo espera. Mas minha cabeça não — ela já está no Amapá.

Não é só o destino da viagem. É o destino do país.

Ao meu lado, um sujeito de blazer claro e sapato sem meia, fala em dólar como quem fala da chuva. A diferença é que a chuva molha…

Quando as palavras se afastam da vida, começa a mentira.

Até poucos minutos, se dizia que era “de centro”…

Agora, sem constrangimento, elogia o ‘Chile do Pinochet’ e diz que “o Brasil precisa de um “choque de gestão”.

O que se chama hoje de “centro” na política não é centro coisa nenhuma…

É o lugar confortável de quem não quer sujar as mãos, mas aceita que outros limpem o sangue.

Pois bem… o começo da sabedoria é admitir que não se sabe…

Escrevo como quem votou. Como quem ainda vota na esquerda, especialmente o PT.

Mas se continuar se ajustando ao mercado e às elites como se fosse um destino vão frustrar o povo de novo e vamos todos para o fundo do poço…

O rumo deve ser à esquerda e sem meias-palavras.

Não adianta só a pauta identitária…

O que adianta é distribuição da riqueza, reconhecimento das pessoas e socialismo.

Uma política que não seja ‘conservadora’.

Juntar os pobres e a classe media na luta contra o capitalismo, que explora todos nós até última hora.

As mulheres, claro, são as mais exploradas… Mulheres que contratam outras mulheres mais pobres porque as duas precisam trabalhar…

A brecha pra extrema-direita foi aberta…

O Trump tá aí bagunçando o coreto, mudando as coisas pra o pior em tão pouco tempo…

Mas poderia, ser os representantes das esquerdas que chegassem mudando tudo pra melhor em tão pouco tempo…. ooo inveja….

Só um bloco contra hegemônico contra capitalista pra um projeto popular no Brasil, América…

Enfrentar o neoliberalismo não é nostalgia dos anos 80 — é condição de sobrevivência.

Sei que o meu voo já vai chamar…

Penso em Macapá, onde o Brasil parece ser ‘fronteira de si’.

Daqui a pouco embarco. Ainda não conheço Macapá…

Chamam meu voo.

Vamos ver…

Até a próxima…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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