Adolescentes do Centro Socioeducativo Mocinha Magalhães, unidade feminina de Rio Branco, visitaram nesta sexta-feira, 15, o Parque Chico Mendes. Com o objetivo de agregar valores culturais às socioeducandas, a atividade surpreendeu a maioria delas, que nunca havia tido um contato tão próximo com a natureza.
Acompanhadas de uma equipe de segurança preparada, as 10 adolescentes foram guiadas pelas professoras da unidade, que esperam usar a experiência como uma aula prática.
A socioeducanda Maria Eduarda (nome fictício), 15, morou a maior parte da vida no município de Sena Madureira. Após cometer o ato infracional, foi encaminhada à capital. Para ela, que já está há mais de um ano internada, poder respirar o ar próximo à floresta é libertador. “Apesar de não estarmos algemadas, sinto os meus braços pesados. Mas eu sei que só estou sofrendo as conseqüências dos meus atos. Fico feliz por essa chance que a equipe está nos dando, de permitir esse momento único. Hoje já tenho um pensamento diferente. Quando sair, quero me mudar para Manaus, trabalhar como babá e após concluir o ensino médio, fazer uma faculdade de Direito”, determina.
Outra socioeducanda encantada com as belezas que o Parque Chico Mendes proporciona é a Ana Beatriz (nome fictício), 17. Natural do estado do Mato Grosso do Sul, a adolescente revela que em breve será transferida do Acre. Dessa forma, ela ficará mais próxima da filha de 2 anos de idade. “Antes eu não dava valor à família, mas agora tudo ficou diferente. Um passeio como esse se torna precioso. Pude até ver uma onça pintada”, comenta.
De acordo com a diretora da unidade, Mayra Souza, a maioria das meninas é do interior e desconhece os pontos turísticos de Rio Branco. “Muitas delas nem sabiam que isso existia, porque estavam sendo recrutadas para outras coisas, para o mundo do crime. E agora surge esse momento de lazer, juntamente com a equipe, que acredita na socioeducação. Depois de uma atividade assim, o comportamento delas muda. É a semana inteira falando sobre isso”, aponta.
Para o presidente do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Henrique Corinto, as atividades externas possuem grande peso no momento de trabalhar com adolescentes em conflito com a lei. “Para nós, uma passeio como este parece muito normal e até comum. Mas quando trazemos esse tipo de jovem, que desconhecia o significado de cultura e lazer saudável, tudo fica diferente. Um esforço que o governo do Estado tem tido e a nossa equipe incansavelmente tem executado”, afirma.
[Brenna Amâncio]