A exploração imoral que revela a armação sobre Lula e a busca do confronto

Autor: Fernando Brito
tijolaço

 

A assessoria de imprensa da Operação Lava Jato – isto é. a Globo e o Estadão – forneceu ontem, na noite de um pacato domingo, munição para a continuidade da violação da privacidade de Lula, ao providenciar,  na forma de vazamento oficial, a íntegra do relatório do delegado que chefiou a perigosíssima missão de “condução coercitiva “do ex-presidente, em papel timbrado e tudo.

Uma vergonha, porque se trata da narrativa de acontecimentos passados dentro de uma residência particular e porque revela que houve menos preocupação em colher o depoimento do ex-presidente do que em criar uma operação de impacto na mídia, com evidente finalidade político-propagandístico, e com riscos que beiram a temeridade.

Por ela, porém, fica-se sabendo de muita coisa significativa.

A primeira é de que o ex-presidente não se recusou a prestar depoimento. E no mesmo momento em que recebeu os policiais.

A desculpa de que ali não haveria condições de segurança se a ação fosse conhecida é falsa como uma nota de três reais.

A própria Polícia Federal tomou as providências para que a ação fosse do conhecimento da imprensa, ao autorizar, na madrugada, o repasse de informações a seu agente, digo, ao editor da Época, para que a anunciado de forma cifrada, que ela aconteceria ao amanhecer.

É igualmente prova disso o fato de a Folha de S. Paulo ter mantido, durante a madrugada, um carro de reportagem diante do prédio onde reside Lula. É óbvio que esperavam a ação e só haveria uma fonte possível para dar-lhes essa informação: o conjugado PF/MP.

Era apenas a cobertura necessária a que se alegassem as tais “razões de segurança”, ainda mais porque a rua onde vive o ex-presidente é facilmente interditável e qualquer pessoa poderia ser mantida à distância do prédio, que dirá de seu 13º andar.

A segunda informação é a de que o ex-presidente foi levado a uma instalação militar: o salão de embarque presidencial de Congonhas. E uma instalação sem segurança alguma onde, aí sim, poderia ter havido um lamentável confronto e, pior, um confronto envolvendo militares da Aeronáutica, que fazem a guarda do local.

Explico, porque conheço este salão. É colado à pista lateral da Avenida Washington Luís, descendo uns 200 metros da entrada do aeroporto, pela mesma calçada. Trata-se de um salão totalmente envidraçado – fragilíssimo, portanto – sem portão que lhe vede o acesso: apenas um pequeno recuo em pista para permitir a parada de automóveis e uma gradezinha que guarnece o canteiro desta “ilha” de desembarque. 50 pessoas, ali na frente, causariam um tumulto dos diabos, quem sabe até com apedrejamentos às vidraças.

Quem sabe o confronto com a “turba” que ataca uma instalação militar?

A imagem está aí e, clicando nela, você a verá ampliada e julgará sozinho sua “invulnerabilidade”.

Mais provocação: trata-se de uma instalação que, além de não ser policial, é diretamente vinculada ao serviço presidencial. Não pode ser ocupada por policiais federais sem ordem de seus responsáveis, diretamente subordinados à Presidência da República.

Mas a melhor informação, aquela que mais valor político tem, é a de que Lula não lhes abaixou a cabeça e disse que só algemado seria levado de sua casa.

É ela que demonstra que o espírito do ex-presidente não está abatido, como se veria horas depois em suas falas.

E só alguém com a cabeça erguida é capaz de fazer o povo levantar a cabeça.

Preparem-se, meus amigos e amigas.

Será uma semana de produção incessante de “escândalos”, como o que faz hoje o Estadão com o fato de um imóvel vizinho ao de Lula ter sido comprado por um amigo e alugado a ele. Qual é o problema, se o proprietário confirma que o aluguel lhe é pago por Lula?

Não se publicou ou publicará uma linha sobre o fato de Mirian Dutra, pessoa que privava de total intimidade de Fernando Henrique Cardoso dizer que são dele, de fato, os apartamentos em Nova York e o famoso imóvel da Avenue Foch, em Paris, como revelou oDiário do Centro do Mundo.

Para a Gestapo, digo, a Polícia Federal só importa Lula, o judeu.

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