Tijolaço: A máquina do Estado contra um único homem

 

É uma massacre em cima de um sobrevivente desse Brasil injusto que ousou chegar a presidente – J R Braña B.

 

Fernando Brito
tijolaço

Parem para pensar.

Neste momento, quase uma vintena de promotores federais e estaduais, uma dezena ou mais  de delegados da PF, centenas de agentes, auditores-fiscais da Receita, juízes e assessores da vara de Sérgio Moro, centenas de servidores, carros, escritórios, tudo está mobilizado para encontrar o que possa levar à cadeia um único homem.

Luís Inácio Lula da Silva.

Entre vencimentos, vantagens, encargos e diárias deste pessoal, o Estado brasileiro – leia-se eu e vocês – gasta, por baixo, R$ 10 milhões de reais por mês. E olhe que isso é um cálculo conservador.nem coloquei, por exemplo, os quase 100 mil reais de auxílio moradia dos procuradores da República, nossos campeões da moral.

Se incluíssemos aí o valor da máquina de propaganda posta a serviço desta caçada, a conta subiria à casa do bilhão. Não é exagero, é só olhar o custo de páginas e páginas de pura reprodução do que querem dizer (ou vazar) os perseguidores de Lula. E a TV, em seus horários mais nobres, e as rádios, e os portais de internet…

Do outro lado, nem mesmo “passar o chapéu” para tentar organizar uma estrutura de defesa.

Imagine! Se até uns miseráveis pedalinhos para os netos viram sinais da ‘fortuna” amealhada pelo ex-presidente!

O combate é, evidentemente, para lá de desigual, mais ainda porque um lado pode tudo – o legal e o arbitrário – e o outro não pode sequer conhecer do que é acusado.

A tal “paridade de armas” em que se funda a luta jurídica é só uma ironia perversa.

E isso é assim porque se quebrou um princípio fundamental da operação do Direito, que é a função de equilíbrio dada ao juiz.

Quando o juiz, por tudo e todos os fatores, sente-se livre para misturar a instrução criminal com a função julgadora, a balança desaparece e sobra à Justiça só a espada.

Ou seja, seu poder passa a ser exercido apenas pela força, num combate onde, além do desequilíbrio, só um lado pode ser ferido e maltratado.

E quando a mídia se soma a ele, é como um massacre.

E o massacre é a antítese da Justiça.

É por isso que vivemos hoje julgamentos de sentenças prontas.

Mesmo em crimes que, se de fato ocorridos na extensão que se apregoa, a reparação seria essencialmente de natureza pecuniária – afinal, não faz sentido deixar um ladrão preso e rico, ainda que, para os delatores, a prisão seja apenas uma tornozeleira, ou nem isso – mas percebe-se o prazer mórbido de condenação na casa dos 20 anos para quem se lhes tirassem o dinheiro, nenhum mal seria capaz de causar.

Faz-se, porém, no desejo de transformar a pena num “pau-de-arara”, do qual a delação é a única forma de livrar-se.

Não vão acusar Lula, Dilma ou seus auxiliares? Acusariam as próprias mães!

Não é possível que homens e mulheres com a cultura jurídica – sim , há exceções, concordo – dos membros do Supremo não enxerguem isso que esta á nossa vista, dos leigos.

Mas eles, juízes, estão tão prisioneiros quanto os encarcerados de Moro: se ousarem discordar serão condenados à pena da execração pública,

Viu-se, nestas rápidas pinceladas, o desigual do combate.

Não obstante, Lula irá travá-lo, mas precisa de novas forças.

E o que se quer, agora, decisivamente fazer é impedir que ele as desperte e reúna.

Esta força tem um nome.

Chama-se povo brasileiro.

E o povo brasileiro, pacato ordeiro e pacífico,  atende a rugidos.

Não a miados.

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