Fernando Brito
Tijolaço
No Valor de hoje, com todas as letras, o que todo mundo sabia:
Após seguidas manifestações de senadores de que poderiam reavaliar sua posição em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo do presidente interino Michel Temer resolveu ir ao contra-ataque: em uma operação em várias frentes, articulou ontem a diminuição em 20 dias do trâmite do processo instalado no Senado, trazendo o eventual desfecho da cassação do mandato para fins de julho – antes portanto do início dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.
Ué, mas não é assim que Eduardo Cunha fazia lá na Câmara com a comissão de Ética e que fez o Supremo Tribunal Federal tomar a gravíssima decisão de tirá-lo do cargo e suspender-lhe o mandato?
A única diferença é que lá a manobra era para não cassar e, no Senado, a manobra é para cassar.
E, para usar o neologismo de Cunha, Temer não é o “usufrutário” do afastamento de Dilma?
Não pode, por seu poder, oferecer vantagens por votos? O próprio Valor diz que ele “acertou a indicação do ex-ministro de Minas e Energia de Dilma senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para ser o relator-geral do Orçamento de 2017, como forma de amarrar seu voto no julgamento”.
Claro, Temer nega que interfira, mas elogia publicamente o atropelo dos prazos, dizendo que “quer antecipar o benefício para o País, porque não é bom para o Brasil este sentimento de transitoriedade”.
O STF vai deixar serem encurtados os prazos da defesa?
Não vai ficar muito “bandeira” concordar com isso depois de ter ganhou aquele tão desejado aumento para o Judiciário?