# bariátrica cirurgia
Divulgação agenciatime
Transtornos que levaram à obesidade continuam após procedimento e precisam continuar o acompanhamento |
A Clínica Maia, especializada em saúde mental e dependência química, criou um grupo de apoio a pacientes que irão passar ou que passaram por cirurgia de redução do estômago para diminuir a ingestão e absorção de alimentos e, assim, perder peso. O principal objetivo do grupo é tratar as causas que levaram à obesidade, estimular a mudança de comportamento alimentar e enfatizar a importância da continuidade do tratamento psicológico para obtenção do resultado sustentável da cirurgia bariátrica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a faixa etária que mais se submete à operação é entre 35 e 50 anos, sendo que 70% dos pacientes que realizam a cirurgia bariátrica no país são mulheres. Mas, cerca de 25% voltam a ganhar mais peso do que é normalmente esperado (5% a 10%) e apenas 20% retornam ao consultório, cinco anos após a operação. Para Denise Mazagão, a psicóloga da Maia, boa parte dos pacientes também interrompe o acompanhamento psicológico após considerarem, pelos primeiros resultados, a cirurgia um sucesso. “É preciso lembrar que um dos pontos que levam à obesidade, doença que não tem cura, é o comportamento alimentar, por isso o paciente precisa de acompanhamento constante, mesmo depois de ter conseguido o tão sonhado emagrecimento.” A profissional explica que a avaliação psicológica pré-operatória é exigida como parte do processo de liberação para a cirurgia, considerada fundamental para conseguir diagnosticar gatilhos para o ganho de peso, como transtornos alimentares, compulsão por compras, abuso de álcool, além de sintomas de depressão e ansiedade, dentre outros. Na maioria dos casos há liberação para o procedimento cirúrgico, mas o paciente é alertado sobre a importância de continuar o tratamento das causas, pois o quadro não vai mudar só pela conclusão da bariátrica e o resultado rápido. “A avaliação psicológica antes da operação é etapa indispensável para a continuidade do processo e pode ser considerada como oportunidade única para realizar a psicoeducação do paciente, em relação à mudança de postura frente à nova etapa da vida”, ressalta Denise. De acordo com a especialista em neuropsicologia, a primeira tarefa do grupo de apoio é fazer um levantamento da história de vida do paciente, incluindo a relação familiar, relação com o corpo, além da relação com a comida. O intuito é trabalhar com o paciente o sofrimento causado pelo excesso de peso, estimulando a reflexão sobre os motivos que o levaram a decidir pelo procedimento cirúrgico e esclarecendo sobre a necessidade de mudança de comportamento para alcançar as expectativas no processo de emagrecimento. “Um fator psicológico comum entre os candidatos à bariátrica, associado ao aumento de peso, é a ansiedade, uma das alavancas para se alimentar de forma desordenada, em busca de alívio imediato das sensações de desconforto, mal-estar e desprazer”, explica Mazagão. A psicóloga afirma que o foco principal do trabalho contínuo é a conscientização da mudança de comportamento do ex-obeso e a compreensão de que os objetivos só serão alcançados a partir de comprometimento e aceitação da própria responsabilidade sobre o processo. Denise Mazagão lembra, ainda, que não é possível garantir que uma cirurgia bariátrica só funcionará se o paciente se submeter à psicoterapia depois. Mas, fica evidente a necessidade da atuação de profissionais da psicologia e psiquiatria na fase. “O paciente pode ficar exposto ao estresse intenso de tentativas de adaptação à nova realidade, sem sucesso, e pode chegar a adoecer, o que pode comprometer a saúde e qualidade de vida pelas quais buscava com a cirurgia”, conclui. |