Crônica: O baile à fantasia

crônica #

Por Rodrigo Alves de Carvalho

Bruno e Renata estavam namorando há mais de três anos. Gostavam de sair juntos, viajar e principalmente ir às festas da cidade. No final de semana aconteceria o baile à fantasia e Bruno teve uma ideia diferente para aquela noite.

– Cada um vai sozinho ou com os amigos ao baile e lá a gente se encontra. Mas não podemos saber qual fantasia iremos usar. Só no baile iremos descobrir.

Renata concordou com a ideia, mesmo achando a brincadeira um tanto sem graça. Enfim o baile, antes, porém, Bruno fantasiado de Zorro, com uma capa preta, espada de plástico e máscara no rosto participou da concentração na casa dos amigos enchendo a cara com direito a cerveja, uísque e porradinha de pinga. Renata também se preparou para o baile na casa de suas primas, fantasiada de Mulher Gata com uma máscara no rosto com direito a orelhinhas e rabinho de gato. Ela não precisou beber muito, com alguns goles de Cuba Libre já estava bastante alterada.

Bruno chegou ao baile trançando as pernas:

– Preciso encontrar Renata!

Olhou a multidão em sua volta.

– Mas antes vou beber uma dose.

Renata chegou ao baile causando furor na rapaziada que miava para a menina.

Bruno não encontrava Renata, mas encontrava uma tenista, uma bruxinha, uma Mulher Maravilha…

Renata não encontrava Bruno, mas o Rastafári não parava de fazer propostas indiscretas em seu ouvido.

Bruno agora tentava unir forças com a She-Ra para combaterem o mal e se darem bem.

Renata estava cercada pelos anões que juravam amor eterno à menina que não era a Branca de Neve.

Num estalo Bruno que dançava funk com uma índia lembrou-se:

– Preciso achar a Renata!

Renata parou de rir ao ver um palhaço lhe oferecer flores e lembrou:

– Preciso encontrar o Bruno!

No outro dia Bruno foi até a casa de Renata com a cabeça ainda dolorida pela ressaca. Renata havia tomado aspirinas, sal de frutas e muita água para ver se o porre da noite anterior passava logo.

– Foi legal o baile, não é Renata?

– Adorei… Nunca me diverti tanto.

– Sorte que nos encontramos no final para namorarmos um pouquinho – Lembrou Bruno.

– Foi muito bom – Suspirou Renata.

Um pequeno silêncio é quebrado pelo elogio de Bruno:

– Você estava linda naquela fantasia de Colombina. Eu não fiquei bem de Zorro?

Pausa de Renata… Um breve momento de ódio contido e depois um pensamento confuso para si mesma: “Mas ele não estava de Batman?”


Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.

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