Crônica de Dandão: Mineração

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Mineração

 

Francisco Dandão – Segue animado o período de pré-temporada dos times acreanos, com a chegada de reforços, mudanças de nomes, contratações, apostas em novos técnicos etc. O que mais me chama a atenção, porém, para além de qualquer coisa, são os amistosos que os clubes estão realizando pelo interior do estado.

Nesse fim de semana que recém passou, a exemplo disso que eu disse no parágrafo anterior, o Rio Branco e o Galvez pegaram a estrada e foram mostrar a sua bola por aí. O Estrelão se deslocou à Sena Madureira, onde bateu a seleção local por 4 a 1. E o Imperador foi golear em Assis Brasil.

Assis Brasil, lá na fronteira brasileira com o Peru, jamais teve um time de futebol profissional nos seus anos de existência. A ida de uma equipe da capital até a cidade, portanto, se constitui numa oportunidade rara para os seus habitantes verem em ação os “craques” que vivem de gastar a bola.

No que diz respeito à Sena Madureira, aí existem várias diferenças com Assis Brasil. Primeiro que na Princesinha do Iaco, em outro tempo, houve um time que jogou campeonato profissional. Segundo que, pela proximidade das cidades, quem mora lá pode assistir jogos em Rio Branco.

Mas fora tudo isso, o que eu vejo como mais interessante dessa ida dos times da capital para o interior é a possibilidade da mineração de novos valores que estão lá nas suas respectivas cidades prontinhos (ou precisando de alguma lapidação) para serem aproveitados num patamar superior.

Aliás, num passado que começa a ficar distante, os times de Rio Branco, antes de importar jogadores de outros estados, tratavam de procurar promessas de craques no próprio interior. Nessa onda, são inúmeros os garotos que migraram das suas pequenas cidades para os clubes da capital.

Num exercício rápido de memória, eu lembro de pelo menos meia dúzia que foram “garimpados” por olheiros no interior do Acre. A saber: Doka Madureira (Sena), Ramon (Cruzeiro do Sul), Alcione (Brasiléia), Máximo (Plácido), Josman e Rogério Tarauacá (ambos de Tarauacá).

Todos esses em algum momento das suas carreiras romperam as fronteiras do Acre para mostrar o que sabiam fazer com uma bola nos pés (ou nas mãos, no caso do Máximo, que era goleiro) em algum clube de fora do estado. O Doka, especificamente, deslumbrou até as plateias da Europa!

É isso, meus prezados. É importante cuidar para que nada possa ser (ou estar) perdido no próximo minuto. Às vezes é necessário olhar primeiro para dentro de si mesmo. A solução pode estar bem aquém do longínquo horizonte. E apesar dos idiotas, é preciso acreditar na evolução da espécie!

Francisco Dandão – cronista, escritor, poeta, professor e tricolor

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