Depoimento de Wilson Carneiro
“Eu sempre visitava o Mestre, fora os trabalhos.
Quando eu peguei amor por ele, eu ia lá e levava uma sacolinha. Eu levava almoço, e almoçava com ele. Na mesa, Mestre Irineu não dava uma palavra. Eu não alcancei ele bailando, mas alcancei ele dançando. São Pedro era festa dançante. Aniversário dele tinha também festa dançante.
Um dia, eu disse a ele:
‘— Mestre, eu tenho tanto que fazer… É obrigado a vir em todos os trabalhos?
— Não senhor. Eu exijo dos fardados que venham nos trabalhos oficiais.
— E quais são os trabalhos oficiais?
— Da Família Sagrada: São José, São João, que era primo de Jesus, Nossa Senhora da Conceição, a data de nascimento de Jesus Cristo; os Santos Reis; Semana Santa; Finados; e o aniversário do presidente, o sr. Leôncio.
— O senhor falou de todos os trabalhos oficiais, mas não falou do aniversário do seu nascimento.
— Desse dia eu não sei de nada, fico bem pequenininho…’
Aí me veio a compreensão que o aniversário dele, não era ele que fazia. Eram os discípulos.
Perto da passagem do Mestre, ele recebeu um hino avisando. A primeira crise que ele teve, eu estava lá. Nesse tempo eu estava fraco, com medo do Daime que fazia dó. E o Mestre me disse:
‘— No ponto que o senhor está, muitos correm. O senhor diminua o seu Daime, para não correr. Seu Daime deve ser bem pouquinho, só para fechar o corpo. E não se preocupe, que quem vai devagar também chega.’
Depois disso, veio o hino que fala: “Me mandaram eu voltar / Eu estou firme vou trabalhar”. Ele ficou contente. Pouco depois veio o “Pisei na terra fria”. Ele convocou uma reunião e esclareceu:
‘— Esse hino não é só para mim. É para todo mundo. Todo mundo que nasceu, tem que morrer.’
Assim, ele conformou o povo.”