Crônica de Dandão: Ventos e ecos do Norte

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Francisco Dandão – Desde muito tempo que me intriga um verso do cancioneiro popular brasileiro. A frase que diz que “os ventos do Norte não movem moinhos”. Já fiz até pesquisas sobre isso. Mas as minhas pesquisas não deram em nada. Continuo sem saber se os ventos são fracos ou se os moinhos são pesados.
Antes, porém, que alguém diga que eu ando mergulhando fundo na vida de Dom Quixote de La Mancha, cavaleiro que combatia justamente moinhos de vento, eu explico que o verso me aflorou à mente por conta do sucesso dos times do Norte do país no Campeonato Brasileiro da Série D.
No calor das tardes amazônicas, cujo sol costuma fritar ovo no asfalto e pirar as cabeças dos exploradores incautos (desde, inclusive, que um certo Aguirre provocou a “cólera dos deuses”), Manauara, Porto Velho e Manaus, que na primeira fase faziam parte do Grupo A1, já estão nas oitavas de final.
Dos quatro clubes do referido grupo que passaram para a segunda fase, apenas o Princesa do Solimões, clube da simpática cidade de Manacapuru, onde, aliás, costumam aportar políticos derrotados no Acre para ouvir o tristíssimo e lamentoso “choro do surubim”, não conseguiu seguir em frente.
Agora, após Manauara, Porto Velho e Manaus eliminarem, respectivamente, Tocantinópolis-TO, River-PI e Maranhão-MA, na esperança de que pelo menos um deles consiga a ascensão para a série C, eu já estou pensando na possibilidade de pedir aos céus um ventinho mais forte.
O Manauara, aliás, é preciso que se diga, tem feito até aqui uma campanha irrepreensível. Até o momento em que escrevo, final de tarde de sexta-feira (9 de agosto), com um olho na tela e outro no mar de Copacabana, são 16 as partidas jogadas pelo time, com 11 vitórias e cinco empates.
O time do Manauara é forte. Defende com extrema dedicação e ataca com precisão. E jogando em casa, então, pelo menos até agora, não deixa nada para ninguém. Na segunda fase, por exemplo, após empatar fora com o Tocantinópolis, tascou uma goleada de cinco no incauto visitante.
O próximo compromisso do Manauara não vai ser fácil. Quem vem pela frente na sequência é o pernambucano Retrô. Provavelmente, se não sair faísca é bem capaz de “feder a chifre queimado”. Um combate, realmente, de dois candidatíssimos ao acesso. Sorte do Manauara que decide em casa.
Os outros dois times do Norte remanescentes nessa série D, o Porto Velho e o Manaus, jogam nessas oitavas de final contra, respectivamente, Itabaiana-SE e Iguatu-CE. O Porto Velho decide em casa. O Manaus decide fora. Eu acho que não vai ter moinho que aguente tanto vento. Oxalá!
Francisco Dandão – cronista e tricolor – sabe tudo de futebol e um pouco mais…(escreve semanalmente em oestadoacre.com
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