Via Paulo Sadiva/USP – Para Saldiva, é chegado o momento “de que tenhamos atitudes efetivas, não só para preservação de biomas distantes, biomas remotos e manter a floresta de pé, mas também para preservar a saúde das pessoas que lá habitam(aqui habitam); além da pobreza decorrente da devastação, de empregos, de perdas econômicas, temos também um impacto sobre a saúde, levando seguramente a uma sobrecarga do sistema de saúde e à morte prematura de pessoas, mortes evitáveis que estão ocorrendo neste momento. E é interessante que essa discussão só atinge relevância nacional e grande penetração na mídia quando você chega a lugares com maior capacidade de exercício da cidadania e maior visibilidade em escala nacional. Nossa política ambiental, os padrões de qualidade do ar, que são ultrapassados, a inexistência de sistemas de preparo e alerta à população nesses episódios traduzem um atraso ambiental que acontece em toda a América Latina, mais notadamente no Brasil, onde o progresso da legislação e adoção de padrões mais restritivos de poluição do ar não encontram espaço nos órgãos que determinam os níveis de aceitação como, por exemplo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e, no caso, dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. Esse alerta fica para que aprendamos com essa situação e olhemos o Brasil como um todo, não somente a partir de uma lei que é do Sudeste […] já existem problemas com populações locais, indígenas, ribeirinhos e agora acrescenta-se que as cidades estão sob risco, cidades onde moram milhões de pessoas. Talvez tenhamos a chance de começar do zero ou começar a criar um caminho virtuoso que é absolutamente necessário nesses tempos tão bicudos, poluídos e fumacentos. Bom, que tenhamos então uma chance de refundar a política ambiental do Brasil”, conclui.
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