Perplexas, mãe e filha da parlamentar choraram e precisaram ser amparadas ao ouvir o réu, que pediu perdão às famílias
Por Roberta de Souza, Vittoria Alves e Selma Schmidt — Rio de Janeiro
O Globo – O momento mais tenso do julgamento do caso Marielle Franco, que começou nesta quarta-feira e segue nesta quinta, foi quando o ex-PM Ronnie Lessa, que confessou ter atirado na vereadora, começou a depor. Com muita naturalidade e sangue frio, ele contou como foi contratado e atirou em direção ao carro em que estavam as vítimas. A família e os amigos da vereadora assistiram ao depoimento em completo silêncio, que só foi rompido pelo choro de Luyara e Marinete, filha e mãe da parlamentar, que saíram do plenário amparadas. A assistência de acusação perguntou se o réu focou na cabeça da vereadora ao efetuar os disparos.
— Foquei — respondeu Lessa, com frieza.
Por videoconferência, o ex-PM afirmou que, no dia da execução, pensou em matar Marielle quando ela saísse de um evento na Lapa, na região central do Rio, as lembrou que havia um prédio da Polícia Civil próximo.
— Já era uma afronta, porque era uma vereadora em exercício. Fazer perto do pátio da Polícia Civil seria uma afronta maior ainda — afirmou.
Ele narrou que esperou Marielle sair e iniciou uma perseguição ao carro:
— O Anderson dirigia muito rápido. O Élcio quase os perdeu. Parecia uma perseguição. Quando eles pararam no sinal vermelho, o Élcio emparelhou o carro, e eu fiz os disparos.
(…)
Ronnie Lessa também disse que, quando apresentaram o nome de Marielle, a condição era que o crime não acontecesse perto da Câmara Municipal, o que atrasou a execução, que deveria ter ocorrido meses antes do dia 14 de março de 2018:
— Fizemos até uma reunião com os mandantes tentando desfazer a exigência, mas não conseguimos.
De acordo com o ex-PM, Élcio de Queiroz — que dirigiu o carro usado na emboscada — só soube que Marielle seria o alvo no dia do crime, quando mandou para ele a foto da parlamentar.
(…)
Por fim, a defesa do ex-PM deu a ele a oportunidade de dizer que está arrependido e de pedir perdão.
— Eu preciso pedir perdão a essas famílias. Perdi meu pai recentemente e já foi péssimo. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo, um marido — afirmou. — Infelizmente, não podemos voltar no tempo. — Tirei um peso confessando o crime. Tenho certeza que a Justiça será feita, inclusive no STF.
(…)
Grifo meu: crimes hediondos e políticos…alguns mandantes já foram descobertos e estão presos…faltam outros ainda…
J R Braña B.