Governança, compliance e integridade, por Marcus e Ângela Fleming

Coluna de segunda-feira

gestão

(oea)

Marcus Fleming e Ângela Maria Bessa Fleming – Imaginemos que alguém, num certo dia, possa ter procurado respostas para as seguintes perguntas: eu me considero uma pessoa íntegra? E o João e a Maria são éticos? Será que aquela minha amiga tem credibilidade para assumir o cargo que lhe fora proposto? Ser ou não ser uma pessoa íntegra, tem tudo a ver com as atitudes, as intenções, os propósitos que se manifestam, até que se chegue a uma decisão.

A verdade é que, por mais que tentemos, não conseguimos esconder o que está encoberto por nossas atitudes, sob o risco de obtermos sucesso ou fracasso em nossas investidas sociais e profissionais. Segundo a psicologia, podemos demonstrar uma personalidade forte, temperamental, equilibrada, criativa, determinada a empreender, desenvolver liderança. Tudo vai estar na dependência de como se encontram estruturados os nossos princípios e valores, e a formação de nosso caráter e personalidade.

Lancemos a seguinte afirmação: o uso do Cartão de Crédito por outra pessoa, sem que esta tenha sido autorizada, é compreendido em nosso senso comum como uma falta de integridade. Poderíamos também afirmar que seria uma falha de caráter, segundo os psicólogos e psiquiatras. Tem comportamentos do ser humano que revelam total falta de integridade, citamos a título de exemplo: a mentira, a trapaça em jogos, a falsificação de assinaturas, a não devolução do troco errado ao comerciante, ações que ludibriam os eleitores, o furto numa loja comercial.

A prática deste último ato, faz parte de um distúrbio de comportamento compulsivo de alguém com transtorno mental, considerado cleptomaníaco, simplesmente por sentir prazer em obter algo que não lhe pertence, e de forma ilícita.

Então, podemos concluir que a integridade está intimamente ligada à idoneidade moral, à honestidade, ao comportamento ético e íntegro do ser humano. Muitas das vezes, o comportamento com retidão revela uma conduta do cidadão, profundamente ética e de prestação de obediência aos costumes e valores reconhecidos e aprovados pela sociedade ou grupo social ao qual pertence.

Recomendaria a leitura da obra literária denominada “Era da Integridade”, de Luiz Fernando Lucas, Advogado, membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC. Segundo Luiz Fernando “A integridade pressupõe o retorno à unidade, onde somos inteiros e completos. Não é possível ser “meio” ou “um pouco” inteiro. Você é ou não é.

Ser íntegro traz a coerência entre o pensar, o sentir e o agir. Quando não temos coerência, ou seja, quando pensamos de uma forma e agimos de outra, fragmentamos nosso ser e isso demanda um gasto de energia enorme para criar palavras e ações artificiais que sustentem facetas desconectadas de nós mesmos. Isso aprisiona nossa consciência que não encontra espaço para a expressão livre e autêntica. Ao contrário, quando agimos com coerência, nossas ações, pensamentos e palavras partem da nossa essência em um fluxo contínuo onde não há perdas de energia”.

Foi publicado na edição do Jornal Zero Hora, em 03/03/2025, a notícia de que a Polícia Federal teria apurado suspeita de envolvimento de ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do governo do Rio Grande do Sul em favorecimento em licitações. Ele teria recebido R$ 15 mil para favorecer uma empresa em uma licitação para atender às prefeituras do Rio Grande do Sul, quando ele ainda nem fazia parte do Poder Executivo do Estado.

Aí cabe um alerta! Não têm faltado notícias, de tal magnitude na vida pública desse nosso país, por conta de que certas autoridades não têm o mínimo de dignidade, amor-próprio, respeito e sentimento de cidadania, pois se valem do oportunismo para promover o enriquecimento ilícito, ao promover atos de corrupção passiva e/ou ativa e até mesmo improbidade administrativa.

Se nos recorrermos aos conhecimentos da Escritura Sagrada, em Provérbios 10.9 diz que quem anda com integridade anda seguro. Em Salmos 25:21 o livro diz que a integridade e a retidão protegem. Provérbios 11:3 nos ensina que a integridade dos justos os acompanham, mas os infiéis são destruídos pela sua própria duplicidade.

Portanto, vale ressaltar que o assunto, em tela, vem sendo abordado desde o conceito de governabilidade e governança, tendo passado posteriormente por uma explicação agora a respeito da expressão Compliance. Já que chegamos até aqui, temos uma nítida compreensão do conceito e aplicação dos termos Governança, Compliance e Integridade.

Quando ocupamos cargos dos mais simples aos mais complexos, de menor ou maior engajamento, em qualquer que seja a organização, pública ou privada, devemos compreender que estamos imbuídos de responsabilidade social, e assim devemos agir segundo os princípios que moldam um comportamento justo e equilibrado. Agindo com transparência, dignidade e responsabilidade social nos destacaremos em qualquer lugar na sociedade, como pessoas probas, íntegras, de confiança, dignas e comprometidas com a ética e os bons costumes que fazem parte da personalidade de um líder de excelência.


* Prof. Adm. Marcus Vinicius de L. Fleming, auditor, pós-graduado em planejamento, Mestre em Administração pela UFMG.
* Profa. Adm. Msc. Angela Maria Bessa Fleming, pós-graduada em Administração Pública, Mestre em Engenharia Civil – UFF/RJ e Presidente do Conselho Regional de Administração do Estado do Acre – CRA-AC.

 



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