Francisco Dandão – Depois que inventaram o VAR ficou mais difícil a validação de gols irregulares. Mas, antigamente, antes do advento da citada tecnologia, valia (quase) tudo. Gol com a mão, gol em que a bola não chegava a ultrapassar a linha fatal, segurar o goleiro para impedir a defesa… Valia quase tudo sim!
Até em Copa do Mundo, com milhões de pessoas presenciando os jogos, via televisão, erros grotescos, por parte da arbitragem, costumavam acontecer. Todos os espectadores viam, só quem não via era o trio de arbitragem. E como espectador não manda em nada, valia o gol irregular.
Nesse sentido, provavelmente o gol de mão mais famoso da história foi aquele marcado pelo argentino Maradona, na Copa do Mundo de 1986, aquela sediada no México, contra a Inglaterra. Jogador de baixa estatura, Maradona usou esse artifício para superar os grandalhões zagueiros ingleses.
Diante de um televisor cuja imagem de vez em quando sumia como por encanto, no fundo de uma birosca nos confins do bairro São Francisco, em Rio Branco, eu e os meus então parceiros de dominó nos dividíamos entre os que torciam a favor e contra a Argentina. Todos nós cobertos de razão!
A partida seguia enroscada. De vez em quando, o canhotinho Maradona ensaiava driblar a defesa inglesa, fazendo fila nos brutamontes que surgiam pela frente. Fazia fila até aparecer um sujeito de maior pontaria para jogá-lo ao chão, ou com uma rasteira ou com um golpe de judô.
O tempo inicial terminou em branco. E talvez o jogo ficasse nisso, não fosse uma disputa pelo alto, na segunda etapa, quando o malandro argentino empurrou a bola para as redes com a mão. E a malandragem continuou nas entrevistas quando Maradona disse que aquela foi, sim, “la mano de Diós”.
Um disparate a fala de Maradona, principalmente porque todo mundo sabe desde sempre que Deus é brasileiro. E, sendo assim, jamais entraria em campo para beneficiar os argentinos através de uma trapaça. O máximo da proximidade de um argentino de uma divindade é com um Papa. Só isso!
Então, voltando ao jogo, depois do gol com a mão, levando-se em conta que se tratava de um confronto eliminatório (quartas-de-final, no caso), os ingleses precisaram se mandar para o ataque, ficando vulneráveis e levando o segundo gol. Dessa vez, eu poderia dizer, com o pé do “canhoto”.
O resto da história todo mundo sabe. A Argentina foi campeã, batendo na sequência a Bélgica e a Alemanha. Eu só não sei é porque eu lembrei disso hoje no café da manhã, quando eu vi um bando de fãs da Lady Gaga caminhando para a praia de Copacabana. Não sei não. Só sei que foi assim!
Francisco Dandão – cronista e tricolar – Dandão sabe tudo de futebol e um pouco mais…