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Leonardo Boff: Por que não paramos de fazer guerras

Trago algumas reflexões que supõem realismo e desafiam a nossa vontade política para construir a paz

por oestadoacre.com
24 de junho de 2025
em Destaque
planeta b
Mandar no Zap

Por Leonardo Boff, via ICL – Vivemos neste momento tempos dramáticos com guerras de alta letalidade, na Ucrânia, no Congo, terrivelmente na Faixa de Gaza, com um genocídio a céu aberto, com a indiferença daquelas nações que nos legaram os direitos do homem, a ideia de democracia e o ser humano como fim e jamais como meio. Particularmente trágica é guerra entre Israel e o Irã que, se não for contida, poderá generalizar-se numa guerra total, com o risco de pôr fim à biosfera e a nossa existência neste planeta.

Por que não paramos de fazer guerras

A pergunta que quero colocar é inquietante e bem realista: qual é a paz possível dentro da condição humana assim como se apresenta hoje em dia? Podemos sonhar com o reino de paz? Assim como somos estruturados: como pessoas, como comunidades, como sociedades, que tipo de paz é sustentável? Recusamos a afirmação: se queres a paz, prepara a guerra.

A Europa, de novo: a cultura da paz e a cultura da guerra

Trago algumas reflexões que supõem realismo e desafiam a nossa vontade política para construir a paz. Porque a paz não é dada, a paz é resultado de um processo de todos aqueles que buscam o caminho da justiça, que protestam contra um tipo de mundo que não deixa os seres humanos serem humanos uns  para com os outros, um palestino com um israelense.

Começo lembrando alguns dados das ciências da vida e da Terra, pois elas nos ajudam a pensar. Que elas nos dizem? Que todos nós, o universo inteiro, viemos de uma grande explosão acontecida há 13,7 bilhões de anos. Há instrumentos que podem captar o eco dessa imensa explosão em forma de uma minúscula onda magnética. E ela produziu um caos enorme.

Nós viemos do caos, da confusão inicial; mas o universo — perpassado de inter-relações — começou a se expandir e mostrou que o caos não é apenas caótico mas pode ser criativo. O caos gera dentro de si ordens. O processo cosmogênico cria harmonia e, ao expandir-se criando espaço e tempo, criou o cosmos; cosmos, de onde vem a palavra cosmético que todos conhecem. É beleza e ordem. Mas o caos nos acompanha como uma sombra. Por isso a ordem é sempre criada contra a desordem e a partir da desordem. Mas ambas, ordem e desordem, caos e cosmos sempre vão coexistindo juntas.

E, chegando ao nível humano, como aparecem? Aparecem sob duas dimensões, da sapiência e da demência. Nós somos homo sapiens sapiens, seres de inteligência e, simultaneamente, somos homo demens demens, seres de demência, de negação da justa medida. Mas, em primeiro lugar, somos seres de inteligência, de sapiência, isto é, somos portadores de consciência. Somos seres societários, cooperativos. Seres que falam, seres que tem cuidado, seres que podem criar arte, elaborar poesia e entrar em êxtase.

Nós ocupamos já 83% do nosso planeta, já fomos à lua e por meio de uma nave espacial deixamos até o sistema solar. Se algum ser inteligente abordar esta nave — que saiu do sistema solar e vai circular por três bilhões de anos no centro da nossa galáxia — poderá ver mensagens de paz escritas lá dentro, em mais de cem línguas, como também um choro de criança, o som de um beijo de dois enamorados e fórmulas científicas. A palavra paz vem escrita em mais de cem línguas, como mir, freedom, shalom, pax, — mensagem que nós queremos legar para o universo.

Somos seres de paz, mas simultaneamente somos seres de violência. Existe dentro de nós crueldade, exclusão, ódios ancestrais, coisa que estamos assistindo em nosso país e principalmente na guerra contra os palestinos da Faixa de Gaza e na guerra entre Israel e o Irã. Temos mostrado que podemos ser homicidas, matamos pessoas. Podemos ser etnocidas, matamos etnias, povos — como os 61 milhões de povos indígenas da América Latina; é o nosso holocausto raramente referido. Podemos ser biocidas, podemos matar ecossistemas, como grande da Floresta Atlântica, parte da Amazônia e a grandes florestas do Congo. E, hoje, podemos ser geocidas, podemos devastar pesadamente o nosso planeta vivo, a Terra.

terceira guerra mundial "Nuvem de cogumelo de 'Gadget' sobre Trinity, segundos após a detonação do primeiro teste da bomba atômica."

Com tudo isso podemos ser o Satã da Terra. E aqui surge a angustiada a pergunta: como construir a paz, se nós somos a unidade dessa contradição, do caos e do cosmos, da ordem e da desordem, da sapiência e da demência? Que equilíbrio podemos buscar, e devemos buscar, nesse movimento contraditório, para que possamos viver em paz? Mas a própria evolução nos tem ajudado, ela é sábia e nos deu um aceno. Ela nos diz que aquilo que faz o ser humano ser humano — diferente de outras espécies — é a nossa capacidade de sermos cooperativos, seres sociais, seres de fala, de diálogo e de reciprocidade.

Quando nossos ancestrais saíam à caça, não faziam como chimpanzés. Estes, os chimpanzés, são nossos parentes mais próximos, com 98% da carga biológica em comum.

Mas como se deu o salto do mundo animal ao mundo humano? Quando nossos antepassados saíam à caça e não comiam privadamente a caça — como fazem os outros animais —, mas traziam-na para lugares comuns e dividiam fraternalmente entre eles tudo aquilo que recolhiam como alimento O salto se deu pela comensalidade, por nossa capacidade de sermos cooperativos e sociais. E do fato de sermos cooperativos e sociais surgiu a fala, que é uma das definições do ser humano. Só nós falamos. Por isso que a essência do ser humano é ele ser um ser falante, solidário, cuidadoso e cooperativo.

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Qual é a perversidade do sistema sob o qual todos nós sofremos? Um sistema mundialmente integrado sob a égide da economia de mercado e do capital especulativo. Ele é só competitivo, e nada cooperativo. É um sistema que não deu ainda o salto para a humanidade, vive a política do chimpanzé, onde cada um acumula privadamente e não coloca em comum para outros seus semelhantes.

Mas já que temos as duas dimensões dentro de nós, de demência e inteligência, competitividade e cooperação, próprio do ser humano é impor limites à competitividade. É reforçar todas as energias que vão na direção da cooperação, da solidariedade, do cuidado uns para com os outros. Assim fazendo, reforçamos o autenticamente humano em nós e criamos as bases para uma paz possível e sustentável.

É próprio dos seres humanos cuidarem.  Sem o cuidado a vida não é salvaguardada, não se expande, fenece e morre. Então a cooperação e o cuidado são os dois valores fundamentais que estão na base de qualquer projeto produtor de paz. Não é fechar a mão, é estender a mão na direção da outra mão. É entrelaçar as mãos criando a corrente da vida, de cooperação e solidariedade, que são as condições que poderão gerar a paz entre os humanos.

Quando cuidamos uns dos outros, não temos mais medo; temos a segurança. Segurança da moradia, do meio ambiente, da vida pessoal. Para exorcizar o medo coloquemos o cuidado. Por esta razão, já Gandhi — esse grande político humanista — dizia que a política é o cuidado com as coisas do povo. É o gesto amoroso para com as coisas que são comuns. Política não é gerenciar a economia, as moedas, é cuidar das pessoas e do povo, cuidar das grandes causas que fazem a vida do povo.

E, graças a Deus, no nosso país, se inaugurou uma política que dá centralidade ao cuidado com a fome da nossa população; coloca como fundamental a titulação das terras dos povos originários e os que vivem em favelas.

O nosso país, se bem cuidado, pode ser a mesa posta para a fome de todos os brasileiros e para a fome da humanidade, porque tal é a grandeza de nossos solos produtivos. Então, devemos deixar ressoar o discurso do Presidente Lula em todos os fóruns:

“Não precisamos de guerra, precisamos de paz. Não precisamos de bilhões de dólares para construir a máquina de morte, nós podemos reordenar esse dinheiro para propiciar vida, expandir a vida, dar futuro à vida. No lugar da competição colocar a cooperação. No lugar do medo colocar o cuidado. No lugar da solidão de quem sofre colocar a compaixão de quem se verga sobre o caído, sofre com ele, levanta-o do chão e anda com ele”.

Queremos na nossa busca da paz, borrar a palavra inimigo; fazer de todos os seres humanos aliados; fazer de todos os que estão longe próximos e dos próximos fazê-los irmãos e irmãs.

Quando perguntaram ao mestre Jesus “quem é meu próximo?”, ele não respondeu. Contou uma história que todos conhecem, a do bom samaritano. Ali Jesus deixa claro quem é o próximo. “Próximo é aquele de quem você se aproxima”. Depende nós fazermos todos os humanos — homens e mulheres das várias raças, procedências, inscrições ideológicas — fazê-los nossos próximos. Não deixar que sejam inimigos, mas aliados e companheiros.

Nós comparecemos como seres humanos quando repartimos o pão. Repartir o pão é ser com-pan-heiro, como a própria origem da palavra o sugere: cum panis, aquele que reparte o pão para entrar em comunhão com o outro. Nascemos como seres de com-pan-heirismo. Qual é o nosso desafio? Assumir como projeto pessoal, projeto político aquilo que a nossa natureza em sua dinâmica pede: construirmos uma sociedade de cooperação, de cuidado uns para com os outros. O Papa Francisco nos legou esta severa advertência: “estamos todos no mesmo barco; ou nos salvamos todos, ou ninguém se salva”.

A Carta da Terra, por sua vez também advertiu: que devemos “formar uma aliança global, para cuidar da Terra, cuidar uns dos outros, caso contrário arriscamos a nossa destruição e da diversidade da vida”; uma aliança de cooperação com a natureza e não contra a natureza; um desenvolvimento que se faz junto com a natureza e não à custa da natureza.

A paz é possível de ser construída. Não uma mera pacificação como propõe o Presidente Donald Trump, mas uma paz tão bem definida pela Carta da Terra: “como a plenitude que resulta da correta relação para comigo mesmo; da correta relação para com o outro, com a sociedade, com outras vidas, com outras culturas e com o Todo do qual nós somos parte”. Numa palavra, a paz como um processo de justiça, de cooperação, de cuidado e de amorização. Esse é o fundamento, que nos dá a percepção de que a paz é possível e que pode ser perpétua.

Importa não só nos opormos à guerra mas importa ganharmos a paz. Então a paz exige compromisso: nele queremos invocar forças, também aquelas que vão além das nossas forças. O universo é uma incomensurável rede de energias, todas elas bebem naquela Fonte originária de onde tudo vem e provem que os cosmólogos chamam “o abismo gerador de todos os seres” e que os cristãos chamam de Criador. Nós queremos que a paz do Criador reforce a busca da paz humana. Então o que parece impossível e torna possível, uma ridente e feliz realidade.

(Leonardo Boff)


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Tags: #planetaartigobboff
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