Por Luís Nassif, GGN – As investidas de Donald Trump sobre o Brasil colocam na cena política-diplomática um cenário cruel: as novas formas de guerra digital.
De início, recorreu ao instrumento das tarifas comerciais. Mas sua bomba atômica são o controle norte-americano sobre os instrumentos digitais. E a possibilidade de apertar o gatilho expõe, de maneira cruel, a pouca prioridade que o país deu ao tema da soberania digital.
O GPS
O projeto GPS (Global Positioning System) foi iniciado oficialmente pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, unificando três programas militares anteriores: o Transit (Marinha), Timation (Marinha) e 621B (Força Aérea). Sua função era ser um sistema de navegação preciso, capaz de operar em qualquer lugar do mundo.
Para tal, o modelo consistia no lançamento de satélites que cobrissem o planeta. Em 1995 passou a contar com 24 satélites ativos, garantindo a cobertura global por 24 horas por dia.
Inicialmente foi aberto ao público civil com a chamada precisão degradada (Selectiv Availability). Em 2000, o presidente Bill Clinton autorizou o uso total para civis.
Hoje em dia são mais de 30 satélites em operação, em órbitas médias de 20.200 km. Cada satélite tem sinais, como hora precisa (usando relógios atômicos) e posição orbital. O receptor GPS no solo calcula sua posição com base no tempo que o sinal leva para chegar de pelo menos 4 satélites. A partir daí, consegue identificar o alvo com precisão.
O sistema é controlado pelo US Space Force.
Sem GPS
Se os EUA cortassem o acesso brasileiro ao GPS, haveria as seguintes consequências:
- Agricultura de precisão: processo em expansão especialmente no centro-oeste. Tratores e drones perderiam orientação centimétrica.
- Logística, aviação, transporte marítimo – rotas, rastreamento e pousos ficariam comprometidos.
- Energia e telecomunicações – falhas na sincronização de redes e relógios atômicos.
- Defesa e segurança – afetaria armas, mísseis, radares e vigilância.
- Satélites nacionais – perda de referência para dados de órbita e calibração.
Sistemas alternativos
O GPS não é o único sistema existente no mundo.
Segundo o Chat GPT, há os seguintes sistemas alternativos em operação. Dispositivos modernos já aceitam múltiplos sistemas GNSS:
Sistema | País de origem | Situação |
GLONASS | Já amplamente usado em Androids e receptores agrícolas no Brasil | |
Galileo | Mais preciso que o GPS (modo civil), gratuito e confiável | |
BeiDou | Cobertura global desde 2020; já integrado em celulares Xiaomi etc. | |
NavIC | Regional, mas pode ser útil em cooperação |
Segundo o Gemini, o GPS (EUA), Glonass (Rússia), Galileo (União Europeia) e BeiDou (China) têm cobertura global. O Glonass tem melhor desempenho na Rússia. O Galileo e o BelDou tem cobertura global e tornaram-se totalmente operacionais desde 2020.
O GPS tem liderança de mercado na América do Norte e no seu quintal, ao sul. Na Ásia-Pacifico há rápido crescimento do BeiDou e NavIC, e o Galileo domina na Europa.
(Luís Nassif, GGN)