Feira não é púlpito religioso…é espaço de diversidade

Não somente os prefeitos do Acre são pressionados a comprar shows exclusivos para igrejas….

…Também o governador.

Foi assim na Expoacre2025 em Rio Branco, em Cruzeiro do Sul, em Xapuri…

E será assim em Sena, no final do mês.

Esse é um tema tabu na imprensa do Acre.

Ninguém toca nele.

Uns porque têm anúncios do governo, das prefeituras, etc.

Outros porque concordam com esses shows religiosos sem sentido em feiras agropecuárias.

Nós vamos tocar nesse assunto.

Primeiro: os shows, todos eles, nas feiras do Acre – capital e municípios – são muito ruins….Cantores(e músicas) de qualidade duvidosa são as preferências nas contratações.

Pior: tanto o governo quanto as prefeituras só contratam shows de uma nota só.

Na Expoacre de Rio Branco você não viu nenhum artista da MPB, do Samba, do Pagode, do Pop, do Hip Hop, do Frevo, do Axé music, do Funk, da Ciranda, do Forró, do Coco, do Rock… zero!

Nenhum artista acreano também, acredite!

A hegemonia foi dessas músicas que só falam em chifre, bebida, dinheiro, carro e que chamam de sertanejo.

Mas não convidam Almir Sater, Sá & Guarabyra e tantos outros com história na música do campo e da roça de qualidade.

Não.

A preferência é pelo que toca no rádio, mesmo sendo uma coisa péssima.

(O Lobão tem uma tese, que concordo, sobre esse fenômeno musical que tomou conta das rádios e das mentes das pessoas… Está no YouTube… É só procurar o vídeo).

Mas vamos lá.

Agora é a vez da Exposena – nome que eu mesmo já disse ao prefeito Gehlen que deveria mudar.

Não tem sonoridade…é frio e não diz nada…é uma repetição de outros nomes de outras feiras…mas depois faço um post específico sobre esse nome pobre de imaginação.

Gehlen me respondeu que muita gente pediu a mudança também… mas continua, por enquanto.

Fui ao Diário Oficial.

Quem lê oestadoacre já viu aqui as publicações da prefeitura e da Câmara de Sena no D.O, quase que todo dia…

O que chamou atenção foi o show evangélico, gospel…

O custo de R$ 150 mil é o de menos.

Nada contra o show em si.

Mas tudo a favor de que prefeituras são instituições de Estado e, por isso mesmo, laicas.

Religiões existem às dezenas.

Tem para todo gosto e bolso.

Católica, evangélica, de matriz africana, umbanda, espíritas etc…

E ainda há os sagrados ateus…

Mas só um espectro terá direito a show na Exposena.

Por quê?

Qual o sentido?

Nenhum!

Eu sei os motivos:

É a pressão política das igrejas em cima dos prefeitos… e também do governador, no caso da Expoacre em Rio Branco.

E se as religiões de matriz africana quisessem um show com artistas ligados a elas?

Seriam atendidas?

Se pedissem para contratar Leci Brandão, será que o poder público aceitaria para animar uma noite com o seu samba afro-brasileiro em Sena?

Com certeza seria um sucesso, como foi Margareth Menezes, a baiana, hoje ministra da Cultura, numa longínqua noite em Sena incendiando o município com Dandara dos Palmares.

Pois é.

Se não dá para atender a todos – e prefeituras não devem priorizar atender religião ou igreja alguma – o melhor seria investir esses parcos recursos em outro artista e estilo musical.

De preferência um sambista, pagodeiro, forrozeiro… algo mais próximo da nossa cultura.

Finalizando:

Prefeitura deve ser laica.

Zero religião.

Religião, para quem gosta e acredita, vive-se nas igrejas – sempre de portas abertas.

Shows em feiras e festivais devem refletir a cultura diversa e os costumes de um povo.

Só isso.

Em tempo: que a prefeitura crie o São João de Sena – em julho, no mesmo espaço da Feira.

J R Braña B.

(…)

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