Vatican News
Olá, amigos da Rádio Vaticano! Aqui é Marlon e Ana Derosa.
Hoje, vamos falar sobre o inverno demográfico. No dia mundial da Família, em 2023, o Papa Francisco falou que “a família é o principal antídoto contra a pobreza material e espiritual, assim como também para o problema do inverno demográfico”.
Ouça e compartilhe
O pontífice alertou que é necessário promover políticas sociais, econômicas e culturais que sejam “amigas da família e do acolhimento da vida”. Essas palavras sábias do Papa Francisco ecoam os ensinamentos do Papa João Paulo II, que nos lembra que a tarefa fundamental da família é o serviço à vida. E que o futuro da humanidade depende da família.
O problema do inverno demográfico, por exemplo, atinge fortemente todo o ocidente. Mas não é só um problema da Europa, como muitos podem pensar, mas também do Brasil. Hoje, o Brasil registra a menor taxa de fecundidade de sua história, com apenas 1,57 filho por mulher. E há mais de 20 anos o Brasil está abaixo do nível de reposição populacional, que seria de 2,1 filhos por mulher. Isso é um indicador da fragilidade das famílias! É um indicativo da presença da cultura do descarte!
Sobre o inverno demográfico, o Papa Francisco falou ainda que: “Na raiz do problema da poluição e da fome no mundo não estão as crianças que nascem, mas as escolhas daqueles que só pensam em si mesmos, o delírio de um materialismo desenfreado, cego e desmedido, de um consumismo que, como um vírus maligno, mina a existência das pessoas e da sociedade pela raiz.”
Com estas sábias palavras, o Papa Francisco alerta a todos que não se pode cair nas ideias antinatalistas, que parecem colocar a culpa de problemas mundiais como a poluição ou a fome, no nascimento de novas crianças. O inverno demográfico que vivemos hoje é fruto de políticas antivida, de uma cultura de fechamento à vida e a perda da compreensão da família como um plano de Deus. Por isso, para remediar todos estes males, da poluição, da fome e do inverno demográfico, precisamos proclamar a cultura da vida e da família.
Na Amoris Laetitia, item 11, a Igreja nos ensina: A “imagem de Deus tem como paralelo explicativo precisamente o casal”. E “a capacidade que o casal humano tem de gerar [vida] é o caminho por onde se desenrola a história da salvação. Sob esta luz, a relação fecunda do casal torna-se uma imagem para descobrir e descrever o mistério de Deus (…). O Deus Trindade é comunhão de amor; e a família, o seu reflexo vivente.” Perceba como é belo o plano de Deus para cada um de nós, chamados à vocação matrimonial. A família deve ser sempre esse lugar de união profunda, onde marido e mulher doam-se mutuamente, com amor verdadeiro, para unirem-se e gerarem frutos. Nascidos com essa vocação, somos chamados a fecundidade, responsabilidade e união. Mas infelizmente nem sempre é assim. Quantas vezes as pessoas não se veem dessa forma, e daí surgem as brigas entre o casal, a indiferença, o abandono. Algumas mulheres, muitas vezes ficam “abandonada na sua maternidade” (AL 14).
Em algumas situações, a mulher pensa em abortar uma gestação não planejada, onde essa vida já não foi acolhida no coração de seus genitores, porque já não compreenderam sua missão e vocação. Ou pior ainda, é uma gestação não planejada por ser resultado de uma violência sexual. Muitas vezes não se trata de violência sexual, mas de uma relação sexual vivida sem um plano comum de família, porque as pessoas foram na onda do momento, aderiram a essa cultura do descartável. Na cultura do descartável, tantas vezes, primeiro o homem e mulher usam-se mutuamente, como objetos e instrumentos de prazer egoísta, fechados em si, e por conta disso, estão fechados à transmissão da vida. E então, aquela união que deveria ser livre, total, fiel e fecunda, para toda a vida, que é algo próprio do matrimônio, passa a ser o início de um grande dilema ético e de sofrimentos.
Diante dos dilemas e problemas dessas incompreensões é preciso estender a mão e ajudar aquela mulher que se vê desesperada numa gestação não planejada, por exemplo, mostrando que apesar das dificuldades, a melhor escolha é sempre dizer sim à vida. Da mesma forma, incentivar os homens a serem pais e esposos presentes, responsáveis e amorosos com sua família. A família é a escola do amor. Por isso, ao falarmos de cultura da vida, em contraposição à cultura do descartável, falamos necessariamente de Família. Como bem disse São João Paulo II: O futuro da humanidade passa pela família.
Um grande abraço a todos, e até a próxima!