Depois de mais de três horas de debate, uma audiência pública realizada pela Aleac em Sena Madureira na última quinta-feira, 1, revelou que a polêmica em torno da transferência de alunos das escolas do Estado para o Município foi motivada por um crime.
O crime, motivado por acerto entre traficantes de drogas, aconteceu em 28 de junho no interior da escola municipal Messias Rodrigues, a maior de mais moderna de Sena Madureira, com 1037 alunos, anfiteatro, quadra poliesportiva e piscina semi-olímpica. É a obra mais festejada da ex-prefeita e atual deputada Toinha Vieira (PSDB), inaugurada em 2005 no bairro da Pista, o antigo aeroporto da cidade.
Mais de 200 pais de alunos participavam de uma festa na quadra quando Janderson D’Ávila Alencar, de 20 anos, invadiu o recinto perseguido por quatro jovens. Acuado no alambrado foi executado. “Nenhum deles era aluno. A vítima estava com um braço engessado por conta de outra tentativa de homicídio e todos os que o perseguiam tinham passagem pela polícia”, lembrou a coordenadora pedagógica da escola, Arismar Souza Mota.
A escola está em segundo lugar na classificação do Ideb em Sena, com 4.6 pontos, atrás apenas do Instituto Santa Juliana (5.1). Apesar da boa colocação, os pais de alunos da rede estadual protestaram quando receberam a notícia de que seus filhos do ensino fundamental teriam que estudar no bairro da Pista.
A onda de protestos veio ressoar na Assembleia Legislativa, em discurso da deputada Toinha Vieira na terça-feira, 23/08. Imediatamente o líder do Governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB), agendou um encontro da deputada com o secretário de secretário estadual de Educação, Daniel Zen e na sexta-feira, 26, em nova reunião em Sena Madureira tudo seria esclarecido.
Mesmo assim, o deputado Jamyl Asfury achou por bem dissecar o problema em audiência pública, que teve a participação do secretário, oito deputados, vereadores, representantes da Secretaria Municipal de Educação, pais de alunos, professores e coordenadores das escolas públicas de Sena Madureira.
A audiência foi realizada no auditório da Escola Estadual Julio Matiolli, a única do ensino médio do município, que tem mais de 38 mil habitantes. Um terço dos deputados da Aleac se fez presente: Jamyl Asfury, presidente da Comissão de Educação e Lira Moraes (PRP), membro titular da Comissão, Major Rocha e Toinha Vieira (PSDB), Gilberto Diniz (PTdoB), Marileide Serafim (PMN), Denilson Segóvia (PSC) e Eber Machado (PSDC).
Segurança Pública
“Fiquei muito feliz com a preocupação dos pais. Em muitos municípios, os pais pensam que a escola é um depósito para seus filhos, nunca comparecem para reuniões. A falta de informações foi um ruído de comunicação desfeito pela Assembleia Legislativa”, declarou o secretário de Educação. O reordenamento, segundo explicou, visa segmentar os estabelecimentos por ciclos, como determina a legislação, separando crianças de jovens e adolescentes, pois está provado que isso melhora o aprendizado.
Daniel Zen admitiu que as escolas também têm um papel importante no combate à violência nas suas vizinhanças. Como exemplo, ele cita a escola João Mariano, no bairro do Taquari, em Rio Branco. “A guerra do tráfico não pode se propagar para as salas de aula. A escola tem que amenizar o problema com iniciativa como o estímulo às práticas esportivas e outras atividades. Na escola João Mariano, as quadras são abertas para a comunidade, bem como o ambulatório odontológico. Cada um tem o seu papel nesta luta”, argumentou.