Resposta à pergunta do empresário da Miragina sobre Terceirização

 

Autor: J R Braña B.

Em texto publicado na edição deste domingo, no Página 20, o empresário Zé Luiz, sócio/dono da empresa familiar conhecida por Miragina, faz uma longa louvação e pede a aprovação do PL4330, o PL da escravidão, que está no Congresso na iminência de ser aprovado como quer o capital nacional.

Antes, porém, assista os Simpsons explicando a ‘beleza’ que é a Terceirização nos EUA, em vídeo de 1 minuto apenas.

 

O empresário do Acre faz a seguinte pergunta? Terceirização: qual direito será perdido?

 

 

Vamos lá, vou responder alguns.

1 – O direito de não ser terceirizado, precarizado em suas condições de emprego em relação aos trabalhadores primários.

2- Já há no STF súmula consensual de que no Brasil não se pode terceirizar as atividades fins, mas os empresários não se conformam e querem obter mais lucros reduzindo salários dos empregados.

3- Em média os trabalhadores terceirizados ganham entre 30 e 38 por cento menos que os trabalhadores primários.

4 – Os trabalhadores terceirizados trabalham em média 3 horas a mais e são os que sofrem mais acidentes de trabalho.

5 – O desemprego aumentará. Por quê? Como as empresas exploram os terceirizados em média 3 horas a mais é lógica a dedução de que menos trabalhadores elas irão precisar contratar.

6 – Milhões de trabalhadores perderão estabilidade no Brasil. Hoje são 50 milhões com carteira assinada. Destes, 12 milhões são terceirizados. Se o PL da Escravidão passar, esse número de 12 milhões subirá em cinco anos para 30 milhões de terceirizados. Ou seja, direitos e conquistas serão retirados da grande massa de empregados no país.

7 – Pouca qualificação dos trabalhadores terceirizados, o que implica em generalizada insegurança no trabalho.

8 – Desvalorização da mão-de-obra. Em Portugal, trabalhadores estão se mudando para outros países porque as condições ficaram tão precárias (baixo salário, insegurança, redução de direitos) que a saída é buscar alternativas fora.

9 – Capital quer adequar Brasil com a mesma taxa de exploração do trabalho que a China, onde os trabalhadores ganham mal e são extremamente explorados. Não é à toa que empresas do mundo inteiro se instalam naquele país. Para ganhar muito pagando miséria aos trabalhadores.

10 – Os trabalhadores só perdem. E as empresas só ganham com a Terceirização.

11 – O Estado Brasileiro arrecadará menos, pois o terceirizado recebe em média 1/3 menos que o empregado primário. Ruim para o país como um todo.

12 – O PL da Escravidão prevê a chamada Flexibilização Global, uma espécie de incentivo à rotatividade de empregados. Hoje a rotatividade no Brasil é de 60% e chega a 76 no setor de serviços. Uma maravilha para quem contrata.

13 – Jovens serão os mais afetados, pois as terceirizações priorizam essa massa de trabalhadores porque podem pagar salários indecentes comprometendo o futuro da classe trabalhadora do país.

14 – Redução do consumo no Brasil. Com a terceirização cai a renda do trabalhador, cai a arrecadação de impostos, afeta a economia.

15 – Trabalho escravo: segundo o Ministério do Trabalho, das 36 principais libertações de trabalhadores em situação análoga a de escravos em 2014, 35 eram funcionários terceirizados. No Acre uma empresa muito conhecida na capital que tem uma fazenda em Sena foi multada em mais de 380 mil acusada de trabalho escravo.

16 – PL da Escravidão aprovado será o enterro da era Vargas, o fim da CLT. Décadas de conquistas jogadas ao lixo.

Senhor defensor da Terceirização, esses são alguns dos poucos direitos que a classe trabalhadora do Brasil perderá se o PL4330, o PL da Escravidão – passar da forma como querem os 221 empresários/parlamentares e aliados que estão no Congresso.

A terceirização tem o objetivo de mudar completamente a relação de trabalho e consumo no Brasil, com ênfase na precarização das condições humanas de trabalho e na redução de salários.

Trabalhador consciente não aceita isso.

Nem a sociedade esclarecida.


PS
: que a excelente e milagrosa canja da Miragina das 17h nunca seja terceirizada.


J R Braña B.

 

 

 

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