Desconfie das explicações da mídia brasileira sobre o aumento do preço do litro da gasolina – J R Braña B.
Tijolaço
Fernando Brito
Petróleo, até as pedras sabem, é commodity.
Tem, portanto, preço internacional, e preço que caiu quase 50% desde nosso último reajuste da gasolina, no dia 6 de dezembro do ano passado. Em contrapartida, o dólar, de lá para cá, subiu 55%.
O preço do petróleo é, como o de todas as commodities, em dólar. Naquele dezembro passado, o preço do litro de gasolina variava entre R$2,85 e R$ 3,20 nas capitais brasileiras, segundo a ANP. O dólar valia, então, R$ 2,60, o que dava um preço de algo entre US$ 1,1 a US$ 1,25 por litro.
Hoje, com o dólar a R$ 4, e o litro de gasolina variando entre R$ 3,06 e R$ 4, segundo o último boletim da ANP, o preço em dólar vai de US$ 0,75 a US$ 1.
Abaixo do média mundial de US$ 1,06, mostrada pelo site GlobalPetrolPrices, de onde retirei o ranking, a preços de ontem, que reproduzo no post e, aqui, numa imagem ampliada, onde pode ser verificado o valor em dólar do preço do combustível em cada país, de forma legível, o que não é possível na miniatura.
Porque, sem informação, a discussão sobre se a gasolina está barata ou cara é um simples exercício de”achismo” ou então a conversa de que isso se deve aos impostos – o papo do Instituto Millenium, para quem o imposto é a encarnação do demônio.
O reajuste vai ter muito pouco impacto na inflação, porque parte dele será compensado pelo (aliás, tardio) crescimento do consumo de etanol, que não vinha, há muito tempo, oferecendo preço competitivo para concorrer com a gasolina.
Mas, é claro, a mídia vai se aproveitar para a conversa de sempre de que a Petrobras está “quebrada” para justificar um reajuste de 6%, que sequer atinge a inflação em real acumulada no período e apenas compensa a equação “baixa do petróleo x alta do dólar”.
E esfregando as mãos para mais um pouco de desgaste para o governo.
Mas bem que se poderia sugerir aos que acham que a gasolina deveria ser baratinha, quase de graça, que olhem para o exemplo dos “bolivarianos” da Venezuela, onde o país praticamente flutua em petróleo e a gasolina custa R$ 0,08 por litro. Querem ir pra lá?