É o mesmo sentimento de vira-lata da época da Copa do Mundo (nada ia dar certo), que, depois comprovou-se, foi a melhor de todas as Copas já realizadas. Exceto dentro de campo com a selecinha da globo/cbf –
J R Braña B.
Fernando Brito, Tijolaço
Para você encontrar meu nível de simpatia pelo prefeito Eduardo Paes, vai ter de pedir uma destas sondas de petróleo e cavar bem fundo. Não é zero, é abaixo de zero.
Mas não vou entrar nessa da mídia de ficar fazendo parecer que tudo é um caos, porque não é verdade.
Há falhas – várias, em vários graus -, há insensibilidade social mo caso de remoções, roubalheiras devem ter sido feitas – e não falo do público só, mas do privado.
Mas é próprio da elite midiática brasileira andar com uma lupa amplificando nossas deficiências.
Os apartamentos da Vila Olímpica – aliás, feitos pela iniciativa privada – não são nenhum pardieiro e, se não fosse a estupidez – perdão, não vejo como fugir da palavra – escrota do Prefeito com a historinha do canguru, não era nada que 48 h de eletricistas, bombeiros hidráulico e gasistas não resolvessem.
Eduardo Paes, cujo caráter já ficou evidente no seu comportamento em relação a Dilma Rousseff – que, com Lula, são os responsáveis por grande parte das obras de mobilidade e revitalização que o Rio recebeu – ,é um personagem que não vai passar da eliminatória de outubro na Rio 2016 eleitoral.
Mas o Rio não é este personagem e nosso país não é o caos que apregoam.
O El País mostra, hoje, que confusões de última hora foram comuns em Londres, Atlanta e Sochi, na Olimpíada de Inverno, na Rússia, há dois anos. “Dá pra se hospedar na Vila Olímpica, não há nada traumático“, dizem os atletas da delegação espanhola.
O fracasso das Olimpíadas pode ser político – a ausência de metade dos chefes de Estado que se previa, por conta do impeachment – e pelo clima de apreensão pela onda de violência mundial, na qual nossas autoridades fizeram questão de embarcar, em troca de mídia.
Esportivo não é – até porque nessa aí 7 a 1 não nos trespassa a alma – como foi o único fracasso da Copa, há dois anos atrás, com uma campanha de que tudo seria um caos. Ou alguém se esqueceu do “imagina na Copa”.
O resto é a louvação do “sport business”, interessadíssimos em explorar comercialmente a atração da competição e, com isso, promover os esportistas a uma espécie de subcelebridades.
O mundo do esporte – aliás, o mundo e a vida real – passa muito bem sem isso.
Recomendo a todos a leitura da matéria do Globo Esporte, da qual reproduzo um trecho abaixo, sobre a frugalidade com que se hospedam e comem os atletas cubanos de luta olímpica, que estão entre os favoritos da modalidade.
É o que a inculcação dos valores da classe média que pensa ser elite não consegue assimilar: é possível e bom viver com simplicidade. Não é ser escravo, é ser livre. Escravidão é aquela que coloca faz as pessoas, como dizia Noel Rosa, tendo dinheiro sem comprar a alegria.
E viver eternamente sendo escravo desta gente que cultiva a hipocrisia.