-Se os homens fossem anjos, não seria necessário haver governos’
Kairo Araújo – Pensávamos que a eleição majoritária no Brasil poderia ser decidida no primeiro turno, mas, quais os motivos que levaram a decisão de quem será o próximo presidente da República para o segundo turno? Bem, no país historicamente é muito difícil que um candidato que ocupa um cargo no executivo não ganhe a eleição, ainda é mais raro que isso ocorra no primeiro turno. No que tange o cargo de presidente, jamais aconteceu de um candidato perder a reeleição até agora.
A agenda positiva feita por Bolsonaro, como a manutenção do Auxílio Brasil, diminuição do preço do combustível e a redução na conta de energia tiveram um papel fundamental para colocá-lo no segundo turno da eleição, não devemos nos esquecer de que vivemos em um país que quase 40% da população sofre com a insegurança alimentar. Embora as benesses tenham mera intenção eleitoreira, quem é pobre não tem muito como pensar de forma prospectiva, a sua preocupação é muito com o dia a dia, com a comida e coisas básicas da vida, que infelizmente faltam a muitos dos brasileiros.
Além disso, as já tradicionais fakenews detém o poder de enganar boa parte da nossa população. Do outro lado, temos o núcleo duro do bolsonarismo, classe média ou abastada, que é sabedora da deterioração moral e civilizatória que significa a manutenção do governo que aí está e mesmo assim o apoiam, esses, aconteça o que acontecer estará ao lado do presidente.
Lula versus Bolsonaro não é a luta do bem contra o mal…(…)
Lula versus Bolsonaro não é a luta do bem contra o mal, e sim a escolha de um Brasil que respeita as instituições da República, as urnas e o processo democrático. Como disse um dos fundadores da democracia estadunidense, James Madison, “Se os homens fossem anjos, não seria necessário haver governos”.
A eleição mostrou que o segundo turno será duro, o jogo estará aberto e mesmo com a vantagem do Lula, nada está garantido. À volta a uma democracia mais plena, com civilidade e combate as iniquidades sociais não vai ser fácil, aliás, o que é fácil neste país? Esperança é o que devemos ter para o segundo turno, ganhe voto ao seu candidato e mova-se para o lado da democracia, dos que não elogiam torturadores, dos que não zombam de gente morrendo e que só se importa com pobre em época de eleição, quando não, seu ministro da economia comemora a alta do dólar, e diz “que antes era uma farra danada, até empregada doméstica ia a Disney”. Vote e ganhe voto à esperança, para um Brasil melhor, mais prospero e sem ameaça as instituições democráticas.
*LIMONGI, Fernando. O Federalista: remédios republicanos para males republicanos. In: WEFFORT, Franciso (Org). Os Clássicos da Política. São Paulo: Atica, 1991.
Kairo Araúo
(texto acima reflete a opinião de seu autor e não necessariamente o mesmo pensamento deste blog)