Francisco Dandão – O Lauro Fontes, caríssimo amigo de peladas de infância e adolescência, eu não canso de dizer, foi o maior goleiro de futebol de salão que os meus olhos já viram. O cara era um paredão. No dia em que ele resolvia fechar o gol, não adiantava chutar. Não passava nem rato ensebado.
Agora por último, não satisfeito com a arte que um dia exibiu nas quadras (e nos gramados também, que ele andou ensaiando pegar umas bolas no gol do Independência), o Lauro tem se revelado um exímio contador de histórias. Narrativas que ele tem tratado de contar nas páginas do Facebook.
Uma historinha que ele contou no meio dessa semana me rendeu boas gargalhadas. Justamente sobre uma partida de futebol de salão, onde ele, ainda um jovem imberbe, foi chamado para defender o time da Difusora Acreana, num torneio jogado numa quadra bem no centro de Rio Branco.
A quadra, em frente ao Palácio do Governo, não existe mais. Mas houve um tempo em que muitos moradores da capital acreana cumpriam “religiosamente” dois compromissos aos fins de semana: assistir à missa, na Catedral de Nossa Senhora de Nazaré, e apreciar as exibições na dita quadra.
E havia um time imbatível que costumava se exibir nesse local, formado por, entre outros, os irmãos Elízio e Eliézio Mansour (também conhecido pelas alcunhas de “Nego” e “Bufete”), os irmãos Dadão e Hermínio, o cracaço Antônio Maria e os goleiros Arnaldo e Zé Gilberto.
Esses caras todos jogavam igualmente no futebol de campo do Juventus. E quem os viu em ação sabe que todos eles jogavam pra caramba. Talvez o que menos “gastava a bola” era o Eliézio. Mas a suposta deficiência técnica ele compensava com um canhão, tanto de pé esquerdo quanto direito.
Pois foi justamente contra esse timaço, de acordo com o Lauro, que a Difusora Acreana iria jogar, lá pelas tantas, na decisão de um torneio da Semana da Pátria. Ainda quase menino, o Lauro disse que tremeu quando viu os tais adversários aquecendo antes do apito inicial da partida.
O Lauro confessou que ao ver do outro lado da quadra aqueles monstros batendo bola, começou a rezar baixinho e até, num dado momento, chegou, inclusive, a confessar os próprios pecados para um padre imaginário. E falou que vontade de sair correndo dali imediatamente foi o que não faltou.
O Lauro disse que só não fugiu porque um colega de time chamado Madureira, percebendo o pavor dele, cochichou no seu ouvido o seguinte: “Olha garoto, nenhum daqueles caras ali tem três ovos, deixa de frescura”. Dito isso, o Lauro jogou, fechou o gol e quebrou a invencibilidade das feras!
Francisco Dandão – cronista, poeta e tricolor