Para o vice-presidente da ABC da região Norte e pesquisador do INPA, Adalberto Val, ciência e tecnologia (C&T) e capacitação de pessoal são condições essenciais para ter um desenvolvimento sustentável da Amazônia, entendido por ele como processos que conservem o ambiente, mas também viabilizem a inclusão e a geração de renda na região. Para isso, segundo o pesquisador, é necessário aumentar os investimentos em C&T na Amazônia, que recebe apenas 2,5% do total investido nessa área no Brasil. “Nós não queremos um investimento histórico, nós queremos um investimento estratégico para a Amazônia, para poder ocupar o lugar que lhe cabe no mundo atual”, afirmou Val.
A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Márcia Barbosa, adiantou que na Cúpula da Amazônia será anunciada a criação de um projeto pró-Amazônia, com um olhar para as cadeias produtivas e dar escala para algumas espécies da biodiversidade da região, identificando potenciais para o desenvolvimento tecnológico de ponta.
“Há um fundo dentro do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], grande fundo financeiro, que será dedicado à Amazônia. Uma das questões que entrará nesse fundo é termos aqui iniciativas que chamamos de cadeia produtiva. Vamos identificar produções locais e fazer um diálogo com ciência e tecnologia de ponta para podermos ter o que é produzido aqui – como pirarucu e cupuaçu- em supermercados do Brasil e do mundo”, contou Barbosa.
Conforme a presidente da ABC, Helena Nader, se não tiver uma rede de colaboração entre todos os países da Amazônia e uma equidade de fato para os povos que habitam a região “nada vai acontecer”. “Acreditamos que, via ciência e colaboração entre os países da Amazônia e os demais das Américas, podemos conseguir ter um impacto na conservação e no uso correto da biodiversidade da Amazônia e com isso ter impacto nas mudanças climáticas”, destacou Nader.
A cientista ressalta ainda que os benefícios de manter a floresta conservada precisam chegar aos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas da região. “Nós não podemos esperar que eles mantenham a floresta de pé para o nosso insumo de conforto. O conforto também tem que chegar a eles via educação, aumento da renda, melhores condições de habitação e de comunicação”, defendeu Nader.
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia