Ufac – O laboratório dedicado a Plantas Alimentícias Não Convencionais (LabPanc), da Ufac, realiza estudos sobre o potencial de vegetais que possuem alto teor nutricional, mas que não são comumente consumidos. Através de pesquisas científicas, o projeto visa promover uma alimentação diversificada e sustentável, além de fortalecer a segurança e a soberania alimentar na região.
As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) são espécies vegetais com uma ou mais partes comestíveis, podendo ser folhas, raízes e flores. Apesar de serem facilmente encontradas em quintais ou terrenos baldios, as Pancs não possuem uma cadeia produtiva estabelecida e, por esse motivo, não são encontradas com facilidade nos supermercados. Essas hortaliças se adaptam a diferentes tipos de ambientes e crescem de forma espontânea, o que lhes caracteriza como de baixo impacto ambiental.
O LabPanc é coordenado pelas professoras do curso de Engenharia Agronômica da Ufac, Almecina Balbino e Marilene Santos, especialistas na área de fitotecnia. No total, o grupo conta com 26 pesquisadores, sendo 20 deles de cursos da graduação, quatro mestrandos e dois doutorandos. Segundo Almecina, as Pancs são opções acessíveis e benéficas, podendo promover refeições balanceadas e ricas em vitaminas, fibras e minerais. “São plantas fáceis de cuidar e podem ser cultivadas com esterco de animais ou terra vegetal, tornando-se uma opção barata para a agricultura familiar.”
No Horto Panc, espaço desenvolvido pelo grupo, são cultivadas mais de 30 espécies para a realização de experimentos e estudos bromatológicos, com o objetivo de compreender o cultivo, a fisiologia e os benefícios nutricionais dessas plantas.
O espinafre da Amazônia (‘Altenanthera sessilis’), também conhecido como “orelha-de-macaco”, é o carro-chefe das pesquisas do laboratório. Essa planta detém 19 dos 20 aminoácidos essenciais para o corpo humano e possui um teor médio de proteína de 25% a cada cem gramas. O sabor dessa Panc é semelhante ao espinafre convencionalmente comercializado; no entanto, ela possui maior teor nutritivo.
“Nós trabalhamos para modificar um preconceito que ainda existe em nossa cultura. Por exemplo, a couve é preferida pelas pessoas em relação ao espinafre da Amazônia por uma questão de estranhamento, mesmo sendo uma opção menos nutritiva”, ponderou Almecina.
Ela explicou que, no Brasil, a definição de Pancs pode variar de acordo com cada região. “O jambu, por exemplo, não é considerado uma Panc nos Estados da região Norte por fazer parte da culinária típica. Já em outras regiões do país ainda pode causar um certo estranhamento, sendo considerada não convencional.”
O projeto também realiza ações em escolas e comunidades indígenas, demonstrando as formas de cultivo e os benefícios das Pancs para a garantia da segurança alimentar. Além disso, os pesquisadores buscam, na prática, demonstrar como esses vegetais podem ser incluídos em uma rotina alimentar, com receitas de tortas, sucos e saladas, por exemplo.
Outras Pancs estudadas
Ora-pro-nóbis (‘Pereskia aculeata mill’): planta com alto teor de proteína, podendo variar de 30% a 40%; possui compostos bioativos com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antioxidantes.
Begônia (‘Begonia semperflorens’): flores comestíveis que têm ação antioxidante, cardioprotetoras, anti-inflamatórias e antivirais; possuem textura crocante e sabor semelhante ao limão.
Vinagreira-roxa (‘Hibiscus sabdariffa’): folhas e flores comestíveis, fonte de vitamina C, fibras e antocianinas; suas flores podem ser utilizadas para produção de sucos, geleias, doces e chás.
(Bárbara Silva, estagiária Ascom/Ufac)