Francisco Dandão – No início da década de 1970, quando eu morava no bairro da Capoeira, em Rio Branco, todas as tardes eu me dirigia às dependências do Stadium José de Melo para assistir ao treino do Estrelão. Era uma caminhada tranquila, de poucos metros, entre a rua Manoel Cesário e a avenida Ceará.
Assim, eu tive o prazer de testemunhar os primeiros treinos de vários jogadores que a direção do Rio Branco importava dos estados do sul/sudeste do país. Vi muita gente boa de bola chegando. Mas também, que nem tudo pode ser perfeito nessa vida, vi um tanto que não jogava coisa alguma.
Os que não jogavam nada a galera chamava de “chinelinho” ou “come e dorme”. “Chinelinho” porque os caras viviam simulando contusões para não entrarem em campo e se submeterem à avaliação dos treinadores. Se limitavam a “comer e dormir”. Mas esses, acho que nem vale a pena citar.
Entre os que jogavam muito, minha memória, 50 anos depois, ainda os guarda bem. Casos, por exemplo, do goleiro Espanhol, do volante Padreco, dos meias Adauto e Vale e dos atacantes Peroaba, Ely, Roberval e Fernandinho. Esses caras davam show, tanto nos treinos quanto nos jogos.
A esses, para completar o elenco cujos treinos eu acompanhava, deve-se acrescentar nomes de expoentes locais como o goleiro Jones, os laterais Ivo Neves, Grassi e Stélio, os zagueiros Viana e Danilo Maia, os meias Lelê e Elden, bem como os atacantes Evandro, Bruno Couro Velho e Danilo Galo.
Os treinos coletivos, deve-se destacar, eram disputados como verdadeiras finais de campeonato. Os jogadores que começavam no time alternativo (“reserva”, para ser mais exato), na ânsia de mostrar serviço, “baixavam a botina” pra valer nos sujeitos escalados entre os titulares.
Entre os mais “carniceiros”, a turma que visava mais o pescoço e a canela dos adversários, eu lembro do Stélio, do Danilo Galo, do Bruno Couro Velho, do Padreco e do Danilo Maia. Quando um desses se encontrava com o outro saía até faísca. E não raro o treino precisava ser interrompido.
Tudo isso, pelo menos para mim e mais uma turma de moleques sem ter o que fazer, servia como preliminar para uma pelada de voleibol que acontecia numa quadra atrás do gol que dava para a entrada do estádio. Era acabar o treino do time de futebol e começar a pelada do pessoal do voleibol.
Foi nessa quadra que eu vi pela primeira vez o recém falecido político Flaviano Melo. Ele, junto com os também falecidos Grafite (morador antigo do bairro do Ipase) e Eliézio formavam o primeiro trio de exímios cortadores que eu vi jogando voleibol. Todos grandes atletas. Que descansem em paz!
Francisco Dandão – cronista e tricolor – sabe tudo de futebol e um pouco mais…