Tácita Muniz – Os extremos climáticos que atingem o Acre têm causado impactos severos nos territórios indígenas, que figuram entre os mais vulneráveis. Enquanto as cheias inundam plantações e favorecem o surgimento de doenças, a estiagem atual intensifica a insegurança alimentar, com altas temperaturas e escassez de água, comprometendo a subsistência e a qualidade de vida dessas comunidades.
Para enfrentar os impactos da estiagem que afeta comunidades indígenas no Acre, a Secreta

ria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi) anunciou a perfuração de oito poços e mais de trinta cacimbas em aldeias localizadas nas regiões do Alto Rio Purus e Alto Rio Juruá.
A medida busca garantir alternativas de abastecimento hídrico durante períodos de seca prolongada, segundo a titular da pasta, Francisca Arara.
Em paralelo, a Sepi atua em parceria com a Defesa Civil Estadual e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na elaboração de estratégias emergenciais. Entre as ações previstas estão a distribuição de pelo menos cinco mil cestas básicas e também está em andamento o pagamento de bolsas para 148 agentes agroflorestais indígenas, que desempenham um papel essencial na promoção de práticas sustentáveis e na preservação dos territórios tradicionais.

Os impactos da estiagem nessas regiões têm sido acompanhados de forma rigorosa pelo governo do Acre, com análises constantes realizadas pelo Gabinete de Crise, grupo responsável por monitorar e deliberar ações diante de eventos climáticos extremos.
“Nas últimas reuniões, em parceria com os Distritos Sanitários Indígenas e a Funai, buscamos alternativas que, dentro das nossas possibilidades, permitam atender às demandas das comunidades indígenas mais isoladas e severamente afetadas pela seca”, afirma o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista.

Poços, cacimbas, cestas emergenciais e apoio
A secretária Francisca Arara diz que a Sepi tem atuado pontualmente para mitigar os efeitos da seca extrema nos territórios. Uma das ações é o pagamento de bolsas aos agentes agroflorestais que atuam nas 36 terras indígenas do estado. Os valores variam de R$ 500 a R$ 800 e estão garantidos até o final de 2026.
Os agentes agroflorestais indígenas desempenham um papel estratégico nos territórios, atuando diretamente no monitoramento dos sistemas agroflorestais, na promoção da segurança alimentar e na disseminação de práticas de educação ambiental junto às comunidades.

“A Sepi tem acompanhado de perto o trabalho da Funai, em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), para ampliar a captação de recursos. Nosso planejamento prevê a perfuração de 38 poços e cacimbas, e estamos mobilizados para viabilizar este investimento por meio de emendas parlamentares. Além disso, vamos levar essa pauta à COP-30, porque entendemos que é uma demanda urgente e essencial”, destaca a secretária.
Segundo Francisca, o investimento previsto para a perfuração dos poços e cacimbas deve alcançar R$ 2 milhões, com início dos trabalhos programado ainda para este mês. Paralelamente, está sendo realizado um mapeamento, em parceria com lideranças e entidades indígenas, para viabilizar a entrega de cinco mil cestas emergenciais às aldeias mais afetadas.
“Estamos mobilizando apoio em três frentes: junto ao governo federal, às prefeituras e também a fundos internacionais, para atender de forma mais ampla e eficaz às demandas desses territórios. Todas essas ações estão alinhadas à política de gestão territorial que temos construído coletivamente”, finaliza.