ICL – O Despertar 2025 trouxe para o palco do Vibra São Paulo um dos temas mais urgentes da atualidade: a crise climática. O painel conduzido pelas jornalistas Cristina Serra e Heloisa Vilela contou com a participação virtual da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que falou direto de Nova York, onde acompanha a comitiva brasileira na Assembleia Geral da ONU.
Ética, política e a crise civilizatória
Em sua fala, Marina afirmou que a crise ambiental é também uma crise política e de valores. “Já temos as respostas técnicas para grande parte dos problemas. O que falta é compromisso ético. Sem uma ética dos valores, e não de circunstância, nossas decisões políticas só aprofundam os impasses”, disse.
A ministra lembrou que a democracia enfrenta ameaças constantes de retrocessos e regressões. “Nós já sabemos o benefício da democracia, mas há quem queira ser democrático sem ser tão democrático assim. Há também quem queira voltar a pontos anteriores, negando direitos conquistados. Isso é regressão”, destacou.
Meio ambiente no centro das decisões
Marina alertou que “a natureza não suporta a nossa capacidade infinita de desejar”. Segundo ela, o planeta já está “no vermelho”, com sinais claros de colapso ambiental. “A crise climática é o Armagedon da crise civilizatória. Se ultrapassarmos o ponto de não retorno, não será apenas a vida que estará comprometida, mas as condições em que a vida nos foi dada”, afirmou, citando Hannah Arendt.
A ministra também ressaltou a importância de integrar diferentes formas de conhecimento: “Não existe apenas a ciência moderna. A ciência milenar dos povos indígenas e tradicionais é igualmente necessária para orientar políticas públicas e empresariais sustentáveis.”
Caminhos de transformação
Para Marina, a transição ecológica exige medidas urgentes: o fim do desmatamento, a redução do uso de combustíveis fósseis e o combate às desigualdades sociais. “Não dá para um pequeno grupo ser detentor da riqueza enquanto a maioria vive em condições precárias. Precisamos de novos ideais identificatórios baseados no ser, não apenas no ter.”
Ela lembrou que o Brasil já obteve avanços, como a redução do desmatamento em diferentes biomas, mas reforçou que “a crise exige que façamos mais e mais rápido”.
Fé, esperança e futuro
Em tom pessoal, Marina afirmou que sua trajetória é marcada pela fé, mas destacou que muitas vezes se inspira em pessoas que não professam religião. “Sou uma mulher de fé, mas já aprendi muito com quem não tem fé nenhuma e, ainda assim, me edifica mais do que aqueles que apenas arrotam suas crenças”, disse.
Encerrando sua participação, a ministra defendeu que todos assumam a pauta da sustentabilidade como prioridade: “Se no passado todos eram desenvolvimentistas, agora todos terão que ser sustentabilistas. Eu prefiro ser uma sustentabilista progressista, preocupada com o meio ambiente e com a justiça social, sem deixar ninguém para trás.”
(…)
Grifo meu: anota aí…Marina pode ser a primeira brasileira a receber o prêmio Nobel….o que dará um peso ainda muito maior e mais decisivo às suas ações em favor da Terra…sim, em favor do Planeta Terra.
J R Braña B.
(…)
Conteúdo parceiro