Um pouco de bom senso dividiu a bancada ruralista no final da sessão que aprovou a Medida Provisória do Código Florestal na tarde desta quinta-feira, na Comissão Mista do Congresso Nacional que analisa a matéria. O fato foi decisivo para garantir por 16 votos favoráveis e 4 obstruções a aprovação do relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), ressalvados as 343 sugestões de alterações que serão debatidas na próxima reunião, marcada para 7 de Agosto.
Embora os ruralistas radicais tenham perdido a batalha no debate, para o vice-presidente da comissão mista, senador Jorge Viana, a guerra ainda está longe do fim. Ao conversar com a imprensa, o petista se disse preocupado com as modificações que ainda serão feitas no texto da MP, nas votações dos destaques e nos plenários da Câmara dos Deputados e Senado Federal, e conclamou por uma mobilização dos defensores do meio ambiente para tentar impedir o cenário traçado. “Se não for feita uma mobilização conjunta da sociedade, do movimento ambiental e do Governo, os que querem piorar o texto vão conseguir fazê-lo em Agosto e no plenário da Câmara dos Deputados”, afirmou.
Ele defendeu a MP editada pela presidenta Dilma Rousseff e ponderou que a elaboração do novo Código Florestal não deve se resumir a uma disputa sobre “quem ganha e quem perde”. Para Viana, praticamente todas as ações empreendidas pelos ruralistas prejudicam o meio ambiente. Para o senador acreano, será preciso uma forte negociação, envolvendo o governo, deputados e senadores, para garantir a aprovação de um código que preserve o meio ambiente ao mesmo que garanta a produção.
“O mundo tinha 6,5 bilhões de hectares de floresta. Hoje são 4 bilhões. E nosso país sempre esteve na estatística perversa da destruição. O mundo já começou a mudar essa agenda. Reduzimos o desmatamento na Amazônia a índices recordes nos últimos anos. Mas o PIB florestal brasileira ainda é muito aquém das riquezas que temos. O Brasil ainda não entendeu a floresta como ativo econômico. Por isso eu acredito que neste momento é muito importante o envolvimento do governo e lideranças sociais e ambientais, para fazermos uma lei que trate da agropecuária como um tema estratégico e fundamental para o país, sem abrir mão das nossas florestas”, ponderou o senador.