Na primeira oportunidade que teve Maria Alcilene Pires da Silva, a dona Doca, deixou para trás a vida de doméstica e trocou a casa na cidade por uma área de terra na zona rural de Manoel Urbano. Virou produtora rural e hoje comemora a qualidade de vida que alcançou.
A propriedade, com sete hectares, tem um galinheiro – construído com recursos do Fundo Amazônia – um açude e uma casa de horticultura, tudo feito com a assistência técnica da Secretaria de Produção (Seaprof). Os cinco filhos, que antes passavam o dia na rua e sem a supervisão da mãe, hoje, além do espaço para brincar, aprendem o valor do trabalho.
Se antes o trabalho era em casas de família e a renda mensal não ultrapassava os R$ 300 mensais, hoje a realidade é outra. “Hoje eu vendo entre R$ 300 e R$ 400 só em verduras por semana. Tem gente que vem aqui na minha porta comprar. Por mês, entrego R$ 2,5 mil em galinha caipira e caipirão. E no ano que vem já vai ter peixe pra vender”, conta a produtora entusiasmada.
Uma das principais mudanças que ela comemora é a rotina das crianças. “Antes eles ficavam na rua, soltos, dia e noite, enquanto eu trabalhava em casas de família. Hoje eles chegam da aula e, se não tiverem lição de casa, vão me ajudar com o trabalho. Eles estão aprendendo a cuidar do que é nosso”, disse Alcilene.
As mudanças vieram aos poucos, mas foram significativas. “Quando eu vim pra cá a gente só via o telhado da casa. Não havia mais nada. Nós construímos tudo com a ajuda do governo. Na casa que eu morava na cidade não tinha armário, sofá, televisão. Não tinha nem comida pra gente comer. Hoje não falta alimento e já temos até guarda-roupa! Compramos boi, cavalo, vaca”, comemora a produtora, fazendo planos de ampliar a horta e construir outro açude.