O Copom (Comitê de Política Monetária), em reunião finalizada na noite de quarta-feira, 16, decidiu por unanimidade manter a atual taxa básica de juros da economia, a chamada Selic, em 11% ao ano, sem viés. Esta decisão corrobora a opção pela manutenção no patamar de juros já tomada na reunião anterior do colegiado, que encerrou um longo ciclo de alta de juros com o objetivo de conter a inflação. Segundo o comunicado do Copom divulgado imediatamente após a reunião, esta decisão está baseada na ‘evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação’ para este momento, o que abre brechas para interpretações de que poderá haver uma mudança na condução da política monetária no curto/médio prazo, a depender do comportamento dos índices inflacionários e de atividade econômica.
Comentário do economista Guilherme Mello
A manutenção da taxa de juros em 11% já era esperada pela quase totalidade dos analistas, apesar de ainda se encontrar pressões de alguns economistas pelo aumento ainda maior da Selic. O fato é que, com a inflação sob controle e cadente a partir do mês de maio, conjugada a um cenário de desaceleração econômica devido à queda nas expectativas empresariais, o aumento da taxa de juros pode se mostrar não apenas ineficaz no combate à carestia, mas também fatal para qualquer projeto de crescimento e ampliação do investimento privado no futuro próximo. Sendo assim, alguns analistas já passaram a considerar a hipótese de redução das taxas de juros ainda ao final deste ano, caso os impactos inflacionários de um possível aumento dos combustíveis e da energia elétrica não se dissipem para o conjunto dos preços do varejo. A redução dos juros com controle inflacionário é uma das condições necessárias (mas não suficiente) para o início de um novo ciclo de desenvolvimento sustentado alavancado pela elevação dos investimentos.
[Fundação Perseu Abramo]