É o estado policial se fortalecendo e fragilizando a política, a democracia – J R Braña B.
Fernando Brito
Tijolaço
O império contra-ataca: a ordem é destruir Renan, o último freio a Cunha e Temer
Hoje cedo postei – o primeiro texto do dia, ainda de madrugada – que a casta jurídico policial ainda não terminou a sua obra.
Postei ainda que o que se apontava, até então, em Renan Calheiros eram “crimes de opinião”, embora não lhe devam faltar os de outra natureza.
Hoje, as gravações entregues à Globo em que Renan, no que acreditava ser uma conversa privada, chama Rodrigo Janot de “mau-caráter” é a prova que a mídia trabalha para transformar a meganhagem formada pela soma do MP com a Polícia Federal numa espécie de “intocáveis”, sobre os quais não se pode ter juízo crítico ou negativo.
Ainda que pudesse ser uma injúria ou calúnia – o que é discutível, numa conversa privada, onde, da parte do ofensor, não havia qualquer suposição de que chegasse ao ofendido – se está no campo da opinião, não da ação.
De qualquer forma, algo que não poderia ser dito com tal ênfase, em qualquer circunstância, com a crueza com que Renan foi pego pela armadilha
Machado – Agora esse Janot, Renan, é o maior mau-caráter da face da terra.
Renan – Mau caráter! Mau-caráter! E faz tudo que essa força-tarefa (Lava Jato) quer.
Machado – É, ele não manda. E ele é mau caráter. E ele quer sair como herói. E tem que se encontrar uma fórmula de dar um chega pra lá nessa negociação ampla pra poder segurar esse pessoal (Lava Jato). Eles estão se achando o dono do mundo.
Renan – Dono do mundo.
Nada que esteja longe da verdade, mas dizer a verdade não é o bastante na vida pública.
A situação de Renan, que até ontem era tranquila – muito mais do que a de Jucá, que cometeu o pecado de dizer que os ministros do STF estavam “conversados” sobre o golpe – o que não escandaliza nossa mídia – tornou-se muito grave.
A esta altura, ele deve estar espumando, porque tem a certeza de que é um elemento – por mais que faça o que o novo governo quer – inconfiável.
Que tem e ser submetido ou expelido.
O espetáculo do impeachment, assim, vai se revelando uma pocilga.
O júri que vai julgar uma mulher contra a qual não pesa uma acusação pessoal e contra a qual as acusações administrativas não resistem a um peteleco, está desnudando a sua natureza bandida.
Começou a operação “queremos a cabeça e Renan”.
Ninguém pode ocupar postos-chave na República sem a anuência da corporação meganha.
Não há problemas em que estejam podres, desde que obedeçam.