João Veras, músico, também defende Comenda Cultural a Taboada

#taboadacomenda

João Veras, que atendeu oestadoacre com o texto abaixo (abaixo-assinado no fim do post)

Casarão, anos 80: reunião dos artistas (setas em Taboada e João Veras) – foto: arquivo de João Veras

Comenda da Ordem do Mérito Cultural Acre para Sérgio Taboada

 

Temos problemas com a memória no Acre. As políticas de memória ou de patrimônio cultural continuam vinculadas – e mal – exclusivamente à historiografia oficial. O que significa dizer, aos feitos dos sujeitos mitificados pela ideologia política de quem domina o poder estatal. Quem estiver fora desse lastro está fadado ao esquecimento, como se nunca existiu. Quando se pode falar em política de apagamento.  Para o campo cultural isto tem sido norma. Os artistas acreanos não têm espaços de memória. Mortos quando vivos, mais que mortos quando mortos. Não por falta de uma obrigação normativa que vincule os governos (vejam os artigos 201 a 204, da Constituição do Estado). Não por falta de instituições como os conselhos de cultura e de patrimônio, as fundações… Isso tem de sobra. Mas eles, um a um, ignoram. E a sociedade também – ela sempre a reboque de quem manda.

Desde 2013, venho reiterando, nas redes sociais, um pequeno manifesto a respeito (Memória e Esquecimento da Cultura Artística Acreana, veja aqui: https://www.facebook.com/joao.veras.5/posts/490411924345340). Nele proponho a criação de um museu da imagem e do som como um espaço permanente de memória da arte acreana. Ano passado, publiquei este manifesto no meu livro Audiência dos Mortos – sobre o colonialismo cultural no Acre (NEPAN, 2020). Silêncio dos governos, um a um. Silêncio do resto também.

Para alguns, a gente é um povo educado. Educado a achar que as coisas mudam, de preferência para melhor. Que somos ensinados a ter paciência, a paciência da espera. A ser um povo esperançoso, diria um sociólogo colonizador. As vezes isso se confunde com desistência. Penso, diriam outros, que eles nos matam mesmo é no cansaço da espera. E assim a arte e seus artistas vão sumindo, sumindo, sumindo… na poeira da delonga desmemoriada.

Aqui tenho que ser curto e grosso se não a paciência para ler também se esgota desse povo tão educado à espera dos governos. Eu também ando cheio de impaciências, justamente por isso escrevo. Vamos ao ponto final e decisivo:

-Taboada era mais que artista, era um ser humano raríssimo. Quando político foi o autor da primeira lei de cultura no Acre, só pra ter uma pequeníssima ideia. Infelizmente muitos poucos o sabem. Os motivos dessa ignorância cultural são públicos,(…)

Corre na internet um abaixo-assinado – liderado pelo jornal oestadoacre.com – pelo qual se requer ao governo do Estado que reconheça postumamente o compositor acreano Sergio Taboada com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural Acreano Eu sei muito bem quem foi e é este digno artista acreano. Taboada era mais que artista, era um ser humano raríssimo. Quando político foi o autor da primeira lei de cultura no Acre, só pra ter uma pequeníssima ideia. Infelizmente muitos poucos o sabem. Os motivos dessa ignorância cultural são públicos, estão justamente nas políticas de memória, estas, sim, “conhecidas”. Sergio Taboada pode iniciar a abertura das portas da mudança com o fim da espera. Nisso eu voto! E você vai esperar mais o quê?

(João Veras – músico e escritor)

Apoie Comenda Cultural a Taboada assinando o abaixo-assinado, aqui (é rápido…nome e e-mail, somente)

 

 

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