crônica
Yes, it can!
Francisco Dandão = Jogadas doze das quatorze rodadas da primeira parte da Série D do Campeonato Brasileiro de 2022, um dos clubes acreanos envolvidos na disputa está classificado para a fase seguinte e o outro está eliminado. Estatisticamente falando, portanto, o aproveitamento é de 50%. Meio a meio.
Teoricamente, antes de a bola rolar pelo referido torneio, esperava-se muito do Humaitá e pouco do Rio Branco. Isso pelo fato de que no segundo turno do campeonato estadual, o time de Porto Acre havia sobrado na fita, enquanto que o Estrelão saiu meio que se arrastando ao longo dos jogos.
Veja-se que o Humaitá venceu simplesmente quatro dos cinco jogos no referido returno. Perdeu tão somente quando podia perder, na última rodada (1 a 2), num momento em que não mais seria alcançado por ninguém. Ou seja: o chamado Tourão foi campeão com uma rodada de antecipação.
Já o Rio Branco, “deusulive”, conseguiu naquele returno vencer apenas um dos seus cinco confrontos. E essa vitória foi, por assim dizer, contra ninguém, levando-se em conta que o seu oponente derrotado foi o Náuas (3 a 0), que não tirou o dedo das partes pudendas durante o tal turno.
O que sucedeu, porém, foi aquela velha teoria do futebol que fala da mudança entre o céu a e terra de um instante para o outro. Chegou a vez de ser jogado o torneio nacional e eis que o poder do Humaitá foi esvaziado, seja lá quais tenham sido as circunstâncias, e o Rio Branco inflou o peito.
E aí, nessa vibe, tudo se inverteu: o Rio Branco, cuja sede social foi ao chão faz é tempo, reorganizou o seu elenco e venceu sete dos seus 12 compromissos jogados até aqui. Enquanto isso, os chifres do Tourão murcharam e o time de Porto Acre perdeu oito entre os mesmos 12 jogados.
Como eu sou um inveterado e incorrigível torcedor do futebol acreano (louco por louco, eu sou mais eu), acreditando nas causas impossíveis até o limite da insensatez, pra mim tanto o Rio Branco quanto o Humaitá se classificariam de forma até tranquila para a fase seguinte da Série D.
A realidade demonstrou, entretanto, que se eu fosse ganhar a vida como profeta do futebol, não acertaria nada até o final dos tempos. Mais fácil os quatro cavaleiros do apocalipse adiarem a vinda para um futuro que jamais chegará do que eu acertar um prognóstico dessa natureza. Muito mais fácil!
Então, como não se pode retroceder sobre os próprios passos, o jeito agora é esperar que o glorioso Rio Branco continue nessa pegada e vá eliminando os adversários que aparecerem na fase do famigerado mata-mata. Como poderia muito bem dizer um certo Barack Obama: “Yes, it can!”
Francisco Dandão – poeta, compositor e tricolor
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