Um artigo recente diz que uma parcela considerável de eleitores, representando mais de 20% do eleitorado, está optando por não votar em candidatos como Tião Bocalom, Marcus Alexandre e Emerson Jarude devido às suas desilusões com os políticos. Em vez disso, esses eleitores muitas vezes escolhem votar em branco, nulo ou simplesmente se abstém. Nas eleições de 2020, cerca de 30,86% dos eleitores expressaram sua insatisfação ao não escolherem nenhum candidato. O mesmo artigo sugere que, sem a obrigatoriedade do voto, a participação eleitoral poderia diminuir ainda mais, enfatizando a importância da educação dos eleitores sobre o valor do seu voto. Não estou aqui para suavizar a complacência política. A discussão sobre a apatia eleitoral e a obrigatoriedade do voto é complexa, mas a realidade requer uma análise direta.
Também discordo de que manter o voto obrigatório ameniza a “desilusão política”. Não é suficiente empurrar as pessoas para as urnas – é necessário reconstruir a segurança nas instituições e nos representantes. A apatia política não surge apenas da decepção com os políticos, mas também da falta de confiança no sistema todo. O voto obrigatório não resolve esse problema fundamental da democracia, mas digamos que seja uma solução temporária.
O termo “educação política” é usado com frequência, mas muitas vezes é limitado em seu significado. Não é o suficiente apenas enfatizar a importância do voto sem capacitar cidadãos com conhecimento sobre como influenciar a política para além das eleições, cultivando eleitores críticos e engajados, não apenas cumpridores de uma obrigação. Em países onde o voto não é obrigatório, não há um declínio no interesse político e ainda mostram que a participação é mais forte quando as pessoas confiam no sistema.
Outra coisa, a desinformação é uma praga que corrói os alicerces da democracia e combatê-la não é uma opção, mas uma necessidade. A educação midiática capacita os eleitores a distinguir verdade de mentira e interesse público de interesses pessoais disfarçados. Então, não se enganem: a apatia política não se resolve com o voto obrigatório. Ela está enraizada na falta de confiança, transparência e responsabilidade. E este blog está comprometido em abordar essas questões com seriedade.
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