Crônica de Dandão: Lançamento longo

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Francisco Dandão – Existe um debate atualmente no futebol mundial sobre a forma de um time fazer a transição da defesa para o ataque. Um bom número de teóricos defende que o certo é sair tocando a bola de pé em pé, no tique-taque! Outro grupo acha que o certo é jogar em profundidade, via lançamento longo.
Sair jogando desde a defesa tem uma vantagem, digamos, elementar: controlar a bola, fazendo com que o adversário simplesmente corra de um lado para o outro, feito aqueles caras que ficam no meio da rodinha de bobo antes dos treinamentos. Correr sem pegar na bola é mesmo muito irritante.
Em compensação, se o time que optar por esse modelo não tiver gente muito qualificada para exercitá-lo, a vaca vai para o brejo mais rápido do que aquele herói das histórias em quadrinhos gritava “shazam”. Se o adversário roubar a bola perto da área dos caras do tique-taque, “adeus, tia Chica”.
Do ponto de vista do lançamento longo, tipo quarenta ou cinquenta metros, com a bola viajando por cima das cabeças dos contendores, a maior vantagem é que só dois caras, em princípio, precisam sair correndo: aquele que foi lançado e outro para tentar aproveitar um eventual cruzamento.
Por outro lado, já que nada nessa vida pode ser perfeito, se o sujeito encarregado de fazer o tal lançamento não for expert nessa arte de chutar com precisão, do tipo que sabe a força a ser imprimida na bola, levando em conta a voz do vento, vai sempre devolver a posse dessa bola ao inimigo.
É importante, em se tratando desse tema de mandar a bola para longe, não confundir “lançamento longo” com “chutão”. No primeiro, a direção da pelota (como dizem portenhos, andinos e assemelhados) deve ser perfeita (ou quase). Já no “chutão”, o que menos conta é o rumo para onde a bola vai.
Enquanto escrevo, vou lembrando de jogadores do passado do futebol acreano que foram adeptos de uma e outra coisa. Euzébio e Passada Larga faziam parte do time dos caras que mandavam a bola onde queriam. Deca e Lécio, por sua vez, eram daqueles que chutavam para onde o nariz apontasse.
Euzébio e Passada Larga, jogadores de meio-campo, respectivamente do Atlético e do Andirá, invariavelmente metiam a bola nas costas (ôpa!) dos laterais adversários. Já o Deca, no Independência e no Juventus, e o Lécio, em vários times, para eles qualquer bola havia que ir parar dentro do mato.
É isso, caríssimos leitores dessas para sempre mal traçadas. O debate continua. Toques curtos, desde a própria área, ou lançamentos em profundidade? Qual a sua preferência? Para mim, que nunca tenho certeza absoluta disso ou daquilo, o que importa é que o meu time saia vencedor!

Francisco Dandão, cronista e tricolor

 

 

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