MS – Em uma ação inédita, o Ministério da Saúde anuncia o início de um projeto piloto na região Norte para disponibilizar testes de diagnóstico e monitoramento da hepatite D, uma das formas mais graves de hepatite viral.
Essa iniciativa visa preencher uma lacuna histórica no acesso ao diagnóstico, acompanhamento e tratamento da infecção no país.
A expectativa é alcançar a totalidade das pessoas infectadas. De acordo com o novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, mais de 72% dos casos de hepatite D no Brasil estão concentrados na região Norte, com o estado do Acre se destacando ao registrar 23% dos casos, tornando-se o segundo estado com a maior ocorrência da doença no país.
Vale ressaltar que esse vírus depende da presença da infecção pelo vírus da hepatite B para contaminar uma pessoa.
As formas de transmissão são idênticas as da hepatite B, sendo:
- Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
- Da mãe infectada para o filho durante a gestação e parto;
- Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
- Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
- Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam as normas de biossegurança;
- Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
- Transfusão de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993).
Sinais e Sintomas
Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais da doença. Quando presentes, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, observação de pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Diagnóstico
O diagnóstico sorológico da hepatite D é baseado na detecção de anticorpos anti-HDV. Caso estes apresentem exame anti-HDV reagente, a confirmação da hepatite Delta será realizada por meio do somatório das informações clínicas, epidemiológicas e demográficas. A confirmação do diagnóstico também poderá ser realizada por meio da quantificação do HDV-RNA, atualmente realizados apenas em caráter de pesquisa clínica. Excepcionalmente, a confirmação diagnóstica poderá ser realizada por meio do exame de histopatologia para identificação da hepatite D.
Tratamento
Após o resultado positivo e confirmação, o médico indicará o tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções.
Os medicamentos não promovem a cura da hepatite D, o objetivo principal do tratamento é o controle do dano hepático. Todos os pacientes com hepatite Delta são candidatos às terapias disponibilizadas pelo SUS. Atualmente, as terapias são compostas por alfapeguinterferona 2a e um análogo de núcleos(t)ídeo (TDF, ETV ou TAF).
Todos os pacientes com hepatite D devem ser encaminhados a um serviço especializado. Além do tratamento medicamentoso orienta-se que não se consuma bebidas alcoólicas.
Prevenção
A imunização para hepatite B é a principal forma de prevenção da doença, sendo universal no Brasil desde 2016 (CGPNI/DEVIT/SVS/MS, 2015). Outras medidas envolvem: uso de preservativo em todas as relações sexuais, não compartilhar de objetos de uso pessoal – como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.
Além disso, toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar as hepatites, o HIV e a sífilis.