Durante a 31ª edição do Concerto contra o Preconceito, realizado neste fim de semana em Betim, Minas Gerais, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, chamou atenção para o impacto histórico da segregação de pessoas acometidas com hanseníase no Brasil. Ela saudou o comprometimento do presidente Lula com a causa, materializado pela publicação do Decreto n.º 12.312/2024 e da Portaria n.º 90/2025, que ampliam a reparação às vítimas e seus familiares.
“A gente não sabe, e o Brasil ainda não conhece, a extensão do que foi a vida das pessoas acometidas com hanseníase e o que significou a segregação dessas pessoas nas colônias, nos preventórios, a separação das crianças ou das famílias”, afirmou a ministra, destacando que o momento é de “justiça de transição” e reparação histórica.
Reparação histórica e justiça social
O evento celebrou a indenização dos filhos separados pela hanseníase, resultado das novas medidas governamentais que estendem os direitos de reparação às pessoas submetidas ao isolamento domiciliar ou em seringais, além dos filhos separados dos pais em razão do isolamento ou da internação compulsória antes de 1986.
Inhana Olga Costa Souza, coordenadora do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), reforçou a importância desse momento. “Essa conquista não é só dos filhos, é do Brasil, que reconhece uma segregação que violou os direitos humanos mais básicos”, afirmou.
Conforme o secretário-executivo da Comissão Interministerial de Avaliação, Andrei Suarez Dillon Soares, os registros mostram que mais de 30 preventórios e educandários no país receberam crianças separadas de seus pais, muitas delas entregues à adoção forçada. “Cerca de uma em cinco das crianças separadas faleceram dentro dos educandários”, destacou.
Concerto como símbolo de luta e conscientização
O Concerto contra o Preconceito, que ocorre anualmente em Betim, simboliza a luta por uma sociedade mais inclusiva e reflexiva. Para o prefeito de Betim, Heron Domingues Guimarães, o evento resgata a história de mais de 16.000 pessoas submetidas ao isolamento compulsório em colônias pelo país. “Transformamos as colônias em bairros, mas a história de segregação e dor dessas famílias permanece viva e deve ser lembrada”, pontuou.
A ministra Macaé Evaristo finalizou ressaltando o papel do concerto na conscientização. “Que este evento continue iluminando o caminho para uma sociedade que honra a dignidade humana e não tolera a repetição de injustiças.”
(…)
(oea com MDHC)