O mestrando da Ufac, Kennedy da Silva Melo, publicou em inglês um estudo na revista Atmosphere…
E diz que a crise hídrica da região não é só sazonal, mas parte de uma mudança climática profunda.
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A seguir, apenas a introdução traduzida do artigo…
O mundo tem vivenciado, cada vez mais, eventos climáticos extremos, que impactam significativamente a segurança alimentar, a economia, a cultura e a saúde humana. Na Amazônia, esses eventos são caracterizados principalmente por secas prolongadas e enchentes extremas, ambas intensificadas em frequência e gravidade nas últimas décadas.
(Segue após o vídeo)
MODO CARNAVAL 2025 – oestadoacre.com
O Estado do Acre, localizado na Amazônia brasileira, está entre as regiões mais afetadas por esses eventos climáticos extremos. Até 2004, registrava-se, em média, um evento extremo por ano nos municípios do Acre. No entanto, após 2010, tornou-se cada vez mais comum a ocorrência de dois ou mais eventos extremos dentro do mesmo ano e município, evidenciando o crescente desafio da recuperação ambiental na região.
Um episódio notável dessa mudança de padrão ocorreu em 2015, quando a capital do estado, Rio Branco, sofreu a maior enchente de sua história, com danos estimados em até 200 milhões de dólares. Naquele ano, o Rio Acre permaneceu acima do nível de inundação por 32 dias consecutivos e atingiu 18,4 metros de profundidade.
Uma análise do comportamento hidrológico no município de Rio Branco mostrou que, na última década, houve uma maior concentração de vazões com valores acima da média para o período de 1968 a 2017. Os autores desse estudo destacam que esse comportamento pode estar relacionado a mudanças nas condições hidrológicas da bacia do rio em questão ou de regiões adjacentes. Diversos modelos climáticos globais indicam um aumento das chuvas na parte ocidental da Amazônia, resultando em inundações.
Diante desse cenário, o estudo do comportamento hidrológico da região torna-se essencial, especialmente em relação à precipitação. Segundo pesquisas, a chuva é o principal elemento do sistema hidrológico, sendo o ponto de partida para diversos outros processos que impactam as atividades humanas desde as primeiras civilizações. Dada sua importância, a necessidade de quantificar e prever sua ocorrência tornou-se fundamental para o desenvolvimento humano.
O conjunto de dados Climate Hazards Infrared Precipitation with Stations (CHIRPS) fornece estimativas de precipitação combinadas com imagens de satélite, cobrindo a maioria das regiões terrestres do planeta. Esse conjunto pode ser usado em conjunto com modelos de superfície terrestre para realizar previsões eficazes de seca ou analisar mudanças recentes na precipitação em regiões com escassez de dados. Diversos estudos realizados em diferentes partes do mundo, como Filipinas, Turquia, Argentina e Colômbia, validam esse conjunto de dados como uma forma precisa de estimar a precipitação, destacando que essa estimativa é condicionada pelas características geográficas e climáticas da região de interesse.
Além da precipitação, é importante avaliar o estado da cobertura vegetal da região, já que parte da chuva é interceptada pela vegetação e retida acima da superfície do solo. Um estudo realizado na bacia do Alto Juruá, no Acre, observou que essa interceptação tem uma forte relação com a cobertura vegetal. Constatou-se que a substituição da floresta por áreas urbanizadas aumentou em mais de 1.000 m³/h o volume anual de água da chuva que atinge o solo da bacia hidrográfica.
Por fim, dada a proximidade do Acre com a porção peruana da Cordilheira dos Andes, é fundamental monitorar a cobertura de neve nessa região, pois ela pode impactar diretamente a bacia do Rio Acre. Um estudo global sobre áreas com água congelada estimou uma redução média de aproximadamente 87.000 km² por ano entre 1979 e 2016, como resultado das mudanças climáticas. Registros de sensores mostram uma diminuição acelerada da criosfera andina, embora a maioria dos estudos se concentre em latitudes acima de 10°S da cordilheira. Assim, torna-se relevante investigar se a neve próxima à Amazônia segue esse comportamento global e qual é a influência das variáveis climáticas nesse processo.
Nesse sentido, o sensor MODIS oferece produtos que auxiliam nesse monitoramento, como o MOD10CM, que fornece a porcentagem de cobertura de neve na região de interesse. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar o comportamento da precipitação e de outras variáveis climáticas ao longo da bacia do Rio Acre e verificar se a dinâmica da neve andina influencia a região, por meio de ferramentas de sensoriamento remoto.
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