No contexto do esquema ilegal de gado, investigado pela PF e pelo ICMBio, os termos ‘gado de papel’ ou ‘boi de papel’ se referem a animais que existem apenas nos registros, mas não são reais.
Ou seja, são fraudes de papéis, utilizadas para legalizar a criação de gado em áreas onde a atividade é proibida, como terras indígenas, áreas de conservação ou áreas desmatadas ilegalmente.
E como funcionaria?…
Fui pesquisar em materiais disponíveis nas redes de especialistas no assunto.
Dois exemplos..:
1 – Criação fictícia ou forjada: fazendeiros ou intermediários registram que determinado número de bois está em uma fazenda ‘legal’ (com documentação em dia), quando na verdade os animais estão em áreas protegidas ou ilegais.
2 – Transferência de animais fantasmas: o gado é supostamente vendido ou transferido dessas propriedades legais para outras, com documentos que atestam uma procedência regular, porém o animal nunca passou por essas áreas. Isso serve para lavar a origem ilegal do rebanho.
Resultado: com os registros falsificados, esse gado ilegal pode entrar normalmente no mercado, ser vendido para frigoríficos, exportado e comercializado como se tivesse origem regular.
E por que é grave e fora da Lei?
Porque permite a criação de bois em áreas protegidas, dificulta a rastreabilidade e o combate ao desmatamento.
E mais: envolve crimes contra o ambiente, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e, muitas vezes, grilagem de terras públicas.
E é esse tipo de fraude que a PF e o ICMBio estão descobrindo em toda a Amazônia e o Acre entrou no radar por ser também área de pressão de avanço da fronteira agropecuária sobre florestas e terras públicas.
Simples assim.
Então vamos devagar com esses discursos piegas(‘pais de família’, patati patatá) nas tribunas das câmaras e da Aleac…que ninguém é bobo.
Muito menos o ICMBio e a PF.
Em tempo: por que a denominação grilagem de terras públicas? Antigamente, fraudadores colocavam os documentos falsos em gavetas com grilos vivos, acredite…Os insetos deixavam os papéis amarelados, envelhecidos, e com aparência de antigos, para parecerem verdadeiros.
(J R Braña B.)