Do Sol ao Gelo
Ele corria no campo, sorria com o vento,
o mundo era leve, sem dor, sem tormento.
Nos olhos havia manhãs ensolaradas,
na alma, mil cores, histórias pintadas.
Mas um dia o abraço se foi,
a voz que guiava calou.
O pai, feito sombra distante,
deixou no menino um frio cortante.
O riso virou silêncio fechado,
o coração, um quarto trancado.
A criança de luz perdeu-se na neblina,
aprendeu que a vida também é ferina.
Hoje caminha com passos gelados,
olhar de inverno, sentimentos calados.
Não sonha com flores, não espera verão,
carrega o abandono grudado na mão.
(Ezequiel Cardoso da Silva, aluno do Ensino Médio, rede pública)