# ciro empresários cni
Fernando Brito, no Tijolaço
Chama mais atenção a exploração dos jornalistas sobre as vaias dadas a Ciro Gomes hoje, na Confederação Nacional da Indústria por defender a revisão da reforma trabalhista do que alguns empresários apuparem uma proposta de rediscussão da legislação do trabalho.
Afinal, não é de hoje que uma parcela do empresariado acha que o trabalho é uma mercadoria como outra qualquer, que se compra ao preço que houver quem venda.
O que, no Brasil que temos, significará gente trabalhando por um prato de comida apenas, “melhor” até que a escravatura, sem gastos com a senzala.
O episódio, porém, deve advertir Ciro Gomes dos limites de uma política de “agrado” à elite do dinheiro e à mídia, sobretudo no que tange à sua postura ao absurdo político-judicial que está gerando uma eleição deformada pela ausência de Lula.
Hoje, ele próprio fez uma menção transversa ao assunto, mas muito pequena ainda para curar as cicatrizes que suas declarações anteriores causaram.
Disse que o Ministério Público e o Judiciário devem “voltar ao seu quadrado” e reclamou que “um juiz do Supremo possa impedir um Presidente de nomear seus ministros”, numa referência ao veto de Gilmar Mendes à nomeação de Lula, pouco antes do impeachment, como Chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff.
As pesquisas mostram claramente que não haverá, ao menos em grau maciço, uma transferência de votos de Lula para ele sem que o ex-presidente tome esta iniciativa.
Legitimar a perseguição judicial a Lula, é bom que Ciro entenda, é a porta aberta para, na eventualidade de ser eleito, ele próprio ser bloqueado (ou algo pior) pela coalizão de conservadores selvagens, Judiciário e mídia.
As vaias de hoje – e os aplausos efusivos a Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin – demonstraram que há combustível de ódio suficiente para esta caldeira autoritária continuar fumegando.