sérgio taboada texto música #
oestadoacre publica texto e vídeo de Sérgio Taboada, que o Acre (ele foi deputado aqui pelo PCdoB) todo conhece.
Taboada sempre foi um humanista, no fundo…agora percebe-se estar mais aflorada essa perspectiva de prioridade dos humanos no meu amigo e irmão que hoje vive em São Paulo.
Eu disse a Taboada hoje que concordava com 70, 80% do texto porque ainda não amadureci o suficiente…sou mais novo que ele (rsrsrssr).
Aqui em Rio Branco vivemos juntos grandes jornadas políticas de interesse social…num tempo muito remoto!
Abaixo o texto e o vídeo (no final da página) com a música ‘Só o amor subverte a dor’
J R Braña B.
Adeus política!
Por Sérgio Taboada
A política institucional ou ideológica se tornou impraticável. Dela estou me afastando definitivamente. Nem debate de boteco na esquina se eu frequentasse. Pouca conversa sobre o assunto até em família. Sem alienação, mas também sem a ilusão de que tudo depende exclusivamente das decisões políticas. Sem obsessão.
Não vejo outro caminho para mim, embora entenda quem insiste em fazer da política um instrumento de luta por justiça em todos os seus sentidos. Percebo mesmo sua importância e necessidade, mas vejo claramente seus grandes limites. Ao longo dos anos vi que a chamada boa ou nova política não sobreviveu e talvez nunca sobreviverá. As regras que formatam a política tradicional inviabilizam o bom senso, o debate sincero, o posicionamento guiado por análises honestas, a generosidade, solidariedade e ética necessárias. No terreno do oportunismo, dos interesses escusos ou mesmo da legítima luta pela sobrevivência dos grupos ideológicos essas virtudes se tornam suicidas.
Ao longo dos anos vi que a chamada boa ou nova política não sobreviveu e talvez nunca sobreviverá.
Além das regras que transformam os espaços democráticos e públicos em ringues para disputas de poder, com vencedores e derrotados, e que no fim dividem as pessoas e a sociedade, a “boa política” naufraga principalmente por causa dos limites emocionais, morais e comportamentais dos seres humanos. Individualismo, vaidade, sede de poder, interesses pessoais e outros sentimentos e atitudes. Tudo isso impedindo que percebamos o quanto estamos perdidos politica e ideologicamente, sem rumo ou com rumo incerto, mas cada um achando que suas propostas são o melhor caminho que todos devem seguir. E assim, a solidão e a arrogância são companhias privilegiadas de todos.
O caso do Brasil atualmente é simbólico. A lama tomando conta das ruas, dos vales de Minas Gerais e da política nos palácios municipais, estaduais e nacionais. Mortos, mortos e mortos. Centenas de milhares deles soterrados em todos os lugares do país. A política como a conhecemos virou a luta do vale tudo pelo poder. Mentiras, corrupção, fake news, manipulação e violência de todos os tipos. Partidos, parlamentares, apoiadores e empresários, independentemente de serem de esquerda, de direita, centro, religiosos ou não, pobres ou ricos, participam de tudo isso. O ódio aos oponentes transborda em olhares, gestos e palavras.
O ódio aos oponentes transborda em olhares, gestos e palavras.
Nossa democracia vive momentos dramáticos. Um ex presidente, Lula, de origem popular e que fez um governo com experiências positivas e vitoriosas, preso por corrupção. Isso não é divertido nem bom de se ver como alguns demonstram. Não é caso para tripudiar. É caso para pensar e refletir. Nem atacar o ser humano que ali está com seus defeitos, alguns parecidos com os nossos, nem defender seus erros e crimes. Que a lei seja cumprida, que valha para todos e que ajude a educar a sociedade brasileira que não pode mais conviver com a impunidade generalizada de crimes de todos os tipos.
A hora é de se perguntar: o que ocorreu com nossa democracia? Quem deixou de fiscalizar atividades criminosas que se repetem há décadas? Teríamos tanta corrupção, centenas de políticos e empresários envolvidos e alguns na cadeia, além de tanto sofrimento do povo por falta de recursos para educação, saúde e emprego se procuradores, juízes e a sociedade tivessem feito sua parte nos últimos cinquenta anos, pelo menos? Lula, Cabral, Cunha estão na cadeia. Cada um de nós está lá um pouco também. A corrupção mata diariamente milhares de brasileiros por falta de assistência, trabalho e educação. Cada um de nós morre um pouco, também, com eles.
Um ex presidente, Lula, de origem popular e que fez um governo com experiências positivas e vitoriosas, preso por corrupção. Isso não é divertido nem bom de se ver como alguns demonstram.
O atual presidente do nosso país, Jair Bolsonaro, militar de origem pobre, busca implementar um governo mais liberal economicamente. Durante a campanha foi vítima de uma facada no estômago, cujas sequelas até hoje permanecem. É lamentável que pessoas torçam pelo seu sofrimento, dor e até sua morte. Independentemente de divergências e da política devemos esperar que ele se restabeleça, volte para sua família e tenha condições de exercer o mandato que o povo lhe concedeu soberanamente através do voto.
As ideias de Bolsonaro são consideradas retrógradas em vários aspectos. Concordo em parte com essa opinião, mas não acredito que tudo esteja errado em seu pensamento. Como cidadão me disponho a combater com argumentos e ações, pacificamente, as opiniões que considero equivocadas. Dele e de quem quer que seja. Mesmo assim, torço que o governo atual consiga melhorar nosso país. Espero que as ideias que considero erradas sejam mudadas ou mesmo que seu governo não consiga implementá-las. Mas se forem realizadas quero que funcionem para o bem do Brasil e que eu esteja errado em minhas discordâncias. Derrotado pelos fatos ficarei surpreso e feliz porque eu amo minha família, meu país e o povo brasileiro do qual sou parte.
Como cidadão me disponho a combater com argumentos e ações, pacificamente, as opiniões que considero equivocadas.
Acredito que não devemos ter ódio das pessoas. Devemos amá-las. Divergir de suas ideias, mas amá-las. Combater seus pensamentos, mas compreendê-las, enfim suas personalidades e opiniões, assim como as nossas, foram construídas ao longo do tempo no seio das famílias, nas escolas, no ambiente de trabalho e no meio social. Quantas situações não viveram que sequer imaginamos? Quantas decepções, quantas alegrias, quantas experiências? Precisamos ajudá-las a evoluir naquilo que consideramos errado, mas devemos estar abertos a descobrir que o erro pode ser nosso e assim também evoluirmos aprendendo com elas.
A única forma de a política cumprir papel positivo em nossa sociedade é se for subvertida pela generosidade e pelo Amor. Amor que não é um sentimento, mas um estado de consciência capaz de mudar o sentido de todas as ações humanas. Amor que é capaz de mudar as pessoas, as sociedades, as nações e o mundo. Amor que precisa ser estudado, compreendido e ensinado. Sobre isso escrevi um artigo intitulado “O Amor é a salvação do mundo!” publicado no site http://www.caveofthemoonofsaturn.com/. Convido todos a lerem o que proponho. Se não abrir direto na versão em português clique no menu. Ao invés de debater sobre política, vamos debater sobre o Amor.
A única forma de a política cumprir papel positivo em nossa sociedade é se for subvertida pela generosidade e pelo Amor.
Finalizando quero informar que vou me retirar das redes sociais, whatsapp inclusive, por tempo indeterminado. Preciso de um momento de introspecção, reflexão e música.
Abraços para todos
Sérgio Taboada
Vídeo com Taboada
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