oestadoacre reproduz esse texto de Renato Terra, da FSP(21-D), porque ele clareia o que foi 2023 num país que viveu o que viveu nos quatro anos anteriores…2023 chega ao final como um alívio…imperdível o texto abaixo:
O que não aconteceu em 2023
Renato Terra na FSP – Faz um ano que o Brasil acordou do pesadelo bolsonarista. Lula tem seus problemas, claro. Mas final de ano é tempo de colocar as coisas em perspectiva.
Por isso, é hora de celebrar o livramento. É hora de comemorar, simplesmente, o que não se repetiu em 2023.
Janeiro. Nenhum dos ministros indicados tinha Olavo de Carvalho como guru. Os filhos do presidente não escreveram barbaridades lisérgicas e cheias de ressentimento nas redes sociais.
Março. Não houve desincentivo à vacinação. Nenhum membro do governo insinuou que uma jornalista teria praticado sexo anal para obter um furo de reportagem.
Abril. A ministra do Meio Ambiente não aproveitou um momento conturbado para “passar a boiada”. Nenhuma ameaça de golpe de Estado foi feita. A Fundação Palmares não foi racista.
Maio. A cloroquina não foi empurrada como tratamento para Covid, tétano, depressão ou prisão de ventre. O presidente não cogitou indicar um de seus filhos para a embaixada brasileira em Washington.
Junho. Nenhum membro do governo se autoproclamou “imbrochável”. O presidente não pediu sigilo de cem anos sobre seu cartão de vacinação.
Julho. Ninguém foi obrigado a ouvir um sanfoneiro desafinado. Caiu em desuso a expressão “gabinete do ódio”.
Agosto. O presidente não recebeu esculturas, desenhos e quadros de padrão estético duvidoso. Os graves conflitos internacionais não foram tratados por um aluno da quinta série.
Setembro. O desfile da Independência não se transformou num circo populista e cafona. O ministro da Economia não ridicularizou empregadas domésticas que sonham em ir à Disney.
Outubro. O presidente não mostrou uma caixa de cloroquina para uma ema. Nenhum conselheiro do presidente insinuou que as músicas dos Beatles foram compostas por Theodor Adorno.
Novembro. O presidente não xingou homossexuais. Nenhuma joia saudita ficou presa na alfândega.
Dezembro. Não se falou em voto impresso e auditável. Diante das inúmeras fatalidades que aconteceram em 2023, o presidente não reagiu dizendo: “Eu não sou coveiro“.