# deboche segundo turno
A decepção estampada: só eles acreditavam que venceriam no primeiro turno.
Fernando Brito, do tijolaço
Leonardo Sakamoto observa, em seu blog, que Jair Bolsonaro – na “live” com que substituiu a tradicional entrevista do candidato no pós votação, parecia o “um candidato derrotado” e não alguém que “recebeu 46% dos votos e têm um caminho mais fácil do que seu adversário, Fernando Haddad (PT) – que teve 29% – para o Palácio do Planalto”.
Sakamoto atribui à frustração de não ter vencido já no primeiro turno, algo em que só ele podia acreditar, e de atribuir isso a uma suposta fraude nas urnas, como fez.
Concordo, mas acho que isso vem também de um traço de sua personalidade.
Bolsonaro não sente alegria e, quando ri, é por deboche.
Humor, para ele, é só “zoação”.
Algo típico das criaturas más, que só se realizam com a humilhação ou a destruição alheia, como não tem sido, infelizmente raro encontrar.
Ele tem a mente dos que buscam o “inimigo próximo” o que, comumente, é também o inimigo no próximo.
O vizinho, o favelado, o negro, o gay, o “doidão”, qualquer um “tem que se curvar à maioria”. A maioria, claro, é ele.
É um ponto que não se pode minimizar, por mais que venham, há tempos, tirando do brasileiro a cordial alegria que sempre o marcou.
Bolsonaro é o inverso, é o ressentimento, o ódio, o furor, tudo o que foi injetado sobre os brasileiros desde que se começou a judicializar ( e policializar) não só a política, mas o convívio humano.
Nestas três semanas do segundo turno, não se deixe levar por isso. Não abra mão desta vantagem que temos.
Eles nos tentarão arrastar para seu campo, o do preconceito, o da intolerância, o da desqualificação do outro com o adjetivo raso, quase que um estigma posto em nós como a estrela amarela com que se marcava os judeus.
Nós temos, como disse ontem Fernando Haddad, o argumento como única arma, a razão como a maior das leis, a alegria como forma de viver e ser feliz.
Não somos a morte, não somos a dor, não somos o mal a ninguém.
Não haverá maior derrota que a de nos tornarmos, com sinal trocado, iguais a ele.