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Somos todos corruptos?
Kairo Ferreira de Araújo
Desde a tenra idade aprendemos a importância do pensamento crítico e obviamente este texto não tem a intenção de pedir a supressão dessa nobre capacidade humana, que de certo modo levou-nos às melhorias constantes da vida em geral, em especial na área da tecnologia e das ciências biológicas e médicas.
Porém, às vezes, é bom observar a história com certa cautela e em uma perspectiva mais analítica. No Brasil atual, a moda é falar mal do país, nada e nem ninguém aqui presta, o que é bom, nobre e correto só ocorre longe das fronteiras dessa república, dando a impressão que nada aqui presta.
De maneira nenhuma, nessas linhas queremos “tapar o sol com a peneira”, e é obvio que aqui há corrupção e desmandos de toda a sorte, ainda mais na atual conjuntura sociopolítica, mas isto de forma alguma tira os méritos do país, e muitos menos a corrupção e os desmandos são exclusividades tupiniquins.
É necessário compreender que ao longo da história mundial tivemos diversos ditadores e líderes sanguinários, guardadas as diferenças entre eles, a maioria era semelhante justamente na crítica exacerbada e absoluta ao contexto em que seus países se encontravam. Para Adolf Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco, António Salazar e tantos outros, nada em seus países, antes da chegada deles próprios, que se viam como seres de “luz”, prestavam, eram autointitulados como irremediáveis salvadores da pátria, os únicos ilibados capazes de conduzir suas respectivas nações ao progresso econômico e sobretudo moral.
Como disse Norberto Bobbio, em seu livro Do Fascismo à Democracia: “O fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos. Mais que corrupção, o fascista pratica a maldade.”, esta citação que é bastante utilizada nas redes sociais, explica bem o comportamento de alguns expoentes da nossa política.
Para o leitor mais atento, nem é necessário dizer que esses líderes eram e são absolutamente hipócritas e que a corrupção e desmandos em seus respectivos governos, prosperaram a passos largos, sem falar nos crimes contra a humanidade, como no caso da execução de milhões de Judeus por Hitler.
Para quem quer se colocar como “Messias”, a ideia de um país irremediavelmente corrupto e de gente vil, é o melhor dos mundos. Pois assim esse “ungido” seria o único capaz de conduzir a sociedade e o país à libertação, através de seu pulso firme e forte, óbvio na visão fantasiosa dele. Não podemos nos esquecer do papel da grande mídia nesta visão destorcida e vira-lata da nossa realidade, na era dos governos mais progressista que tivemos nas últimas décadas, os grandes grupos de comunicação faziam parecer que a corrupção acabara de brotar no Brasil, contribuindo sobremaneira para o surgimento de uma figura absolutamente tosca que governa o país atualmente.
Este cenário de terra arrasada e perdida, só favorece ao surgimento de facistóides de toda ordem. Não é pretensão deste texto dizer que aqui não há problemas e que não devemos ser críticos em relação a nossa realidade e a política. Mas devemos depreender que o Brasil é mais do que uma terra de oportunistas e corruptos, e que há sim políticos honestos e gente compromissada com o bem coletivo, a maioria do nosso povo é de gente valorosa, trabalhadora, honrada e honesta, além do mais, políticos e gente de má índole têm aos montes em qualquer rincão do mundo, não é exclusividade nossa.
(Kairo Arújo: formado em Espanhol, estudante de História da UFAC…kairo participa das transmissões de oestadoacre, live)