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Entrevista | Bolsonarismo: a ascensão digital ao poder

Estudo do CCI-CEBRAP revela como redes, algoritmos e desinformação estruturaram o poder bolsonarista no Brasil.

por oestadoacre.com
23 de maio de 2025
em Acre, Artigos / Colunas / Diversos
Entrevista | Bolsonarismo: a ascensão digital ao poder

oestadoacre.com

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Entrevista publicada no ProjetoBrief em 20 de maio, com estudo do CCI-CEBRAP sobre como redes, algoritmos e desinformação estruturaram o poder bolsonarista no Brasil.

ENTREVISTA | Como o bolsonarismo se tornou uma máquina digital de poder

Novo relatório do CCI/Cebrap explora como o “bolsonarismo” hackeia a estrutura dos partidos e usa as redes para se manter acima das legendas tradicionais.

 

Quem busca o nome de Bolsonaro no Google hoje, logo vai entender o tamanho da crise em que ele está enfiado: no STF, líderes do Exército quebram o silêncio sobre o envolvimento de Jair nas tentativas de golpe. O projeto de anistia aos golpistas parece cada vez mais distante. Seus grandes aliados, como Carla Zambelli, Bia Kicis e Alexandre Ramagem, vislumbram condenações e inelegibilidades.

Esse movimento pode parecer “morto” na Justiça; em crise no Congresso e “mais fraco” nas ruas. Mas tem uma arena onde o “bolsonarismo” nunca se desmobiliza, nem por um segundo: as redes sociais.

Pra entender como funciona essa engrenagem — e por que o bolsonarismo não é apenas um movimento ou ideologia, mas uma estrutura digital de poder — conversamos com pesquisadores do CCI-CEBRAP da linha de pesquisa “Política Digital”, que vêm estudando o chamado “Partido Digital Bolsonarista” (PDB) a fundo.

Esta entrevista surge no contexto do lançamento do relatório “O Partido Digital Bolsonarista“, que será apresentado e discutido no evento Hackeando Partidos: como o bolsonarismo se tornou uma máquina digital de poder, em uma mesa de debates que inclui pesquisadores do Cebrap, CCI, Democracia em Xeque e do Projeto Brief.

  1. Vocês podem contar pra gente um pouco sobre a pesquisa? O que seria o PDB e como ele se difere dos partidos tradicionais?

A pesquisa sobre a atuação digital dos bolsonaristas partiu da hipótese de que o Bolsonarismo seria um partido político não institucionalizado, o qual denominamos Partido Digital Bolsonarista – PDB. Ao nomeá-lo de partido, conseguimos evidenciar que sua atuação é organizada e voltada à disputa pelo poder político, ainda que ocorra à margem das regras formais do sistema partidário tradicional. Dessa forma, o PDB seria então um partido caracterizado por se apropriar das ferramentas digitais para mobilizar simpatizantes em torno de suas pautas e desafiar as estruturas hierárquicas tradicionais dos partidos convencionais. O PDB usa a estrutura do Partido Liberal (PL), mas não é equivalente a ele, pois possui objetivos e estratégias próprias, com impacto sobre o modo como as ações políticas e financeiras são desenvolvidas no sistema político e eleitoral. Assim, não se trata apenas um grupo informal de apoio a um líder, mas uma forma de organização específica, nascida a partir das mediações do ambiente digital. O PDB mistura estratégia de poder, mobilização em rede, engajamento emocional e resistência à institucionalização formal.

 

Entre os nomes que mais renderam engajamento para a bolsonarista Bia Kicis nas redes nas semanas analisadas, estão parlamentares do NOVO e Republicanos – além de seu próprio partido, o PL.
  1. Manifestações de rua, como as que Bolsonaro convocou em abril pró-anistia, mostram que o bolsonarismo continua sendo um potente mobilizador de massas. Mas essa força não parece vir da institucionalidade, e sim da lógica de rede. Que tipo de organização política emerge quando as redes se tornam mais relevantes que as organizações políticas tradicionais?

A manifestação na Paulista mostra que o PDB não se confunde com o PL, uma vez que mobilizou lideranças de diversos outros partidos institucionalizados, mas que são politicamente organizados no âmbito do PDB (dos sete governadores presentes no ato, apenas um era filiado à legenda do ex-presidente). Entretanto, como não se trata de um partido institucionalizado, não conseguimos observar isso facilmente. A manifestação foi um ato puxado pelo PDB em torno de uma pauta que hoje está no centro de sua atuação – a anistia aos condenados pelos atos do 8 de janeiro. As redes sociais permitiram essa organização e mobilização mais do que as estruturas tradicionais de um partido porque elas hoje permitem uma penetração ampla e rápida, que é usada pelo PDB para mobilizar sua base. Os partidos tradicionais têm mais dificuldade de fazer essa mobilização, não só porque não estão tão bem coordenados nas redes sociais, mas também porque eles têm a preocupação de manter o poder dentro de suas fronteiras atuais. Além disso, eles não têm a liberdade que o partido digital tem, pelo fato de não ser formalizado.

 

“Filiados” e apoiadores do PDB: em abril, Bolsonaro reuniu em São Paulo 7 governadores, só 1 deles pertencendo ao seu próprio Partido. Presidenciáveis buscam a bênção de Jair, enquanto ele tende a manter a presidência da República um negócio de família.
  1. O que parece sustentar a coesão do bolsonarismo são afetos, códigos e narrativas compartilhadas, e não um programa político definido. Como vocês enxergam essa transição da lógica programática para a lógica performativa e simbólica? Isso é algo particular do Bolsonarismo ou também vemos esse tipo de organização em outras esferas políticas?

Em outros momentos da história nós tivemos os partidos políticos operando em clivagens mais fixas na sociedade, como o partido que representava a classe trabalhadora, o partido que representava os interesses da burguesia, etc. Desde a ampliação dos meios de comunicação de massa, entre outras mudanças, essas divisões são mais fluidas, sendo construídas muitas vezes pelo líder político ou pelo partido. O bolsonarismo propôs uma nova divisão que deu certo, representando os patriotas, os antipetistas e os defensores da família. É típico desse movimento a ausência da necessidade de um programa claro, como era antigamente. Inclusive porque no âmbito digital, nem toda proposta é necessariamente abraçada pelo eleitorado ou sequer pela base mais leal do bolsonarismo – elas estão constantemente sendo testadas e negociadas em tempo real. Isso contribui para uma certa fluidez e até contradição nos discursos do bolsonarismo, sem que isso comprometa sua coesão imediata. Essa transição da lógica programática para a lógica performativa não é exclusiva do bolsonarismo, mas talvez seja nele que ela se radicaliza.

  1. Nikolas Ferreira é um dos nomes que fazem parte do PDB, mas que parece ao mesmo tempo fugir um pouco dessa lógica. Como vocês enxergam a atuação dele dentro dessa estrutura?

O deputado Nikolas Ferreira é um fenômeno nas redes sociais. Ele é o deputado do PDB que consegue mais engajamento, muitas vezes superando os outros somados. O caso do Nikolas serve para mostrar que o partido digital não funciona apenas na figura do hiper líder. Há outras figuras, frequentemente influencers, que fazem parte da sua estrutura e que tornam mais difícil a sua organização hierárquica. Apesar dos seus milhões de seguidores, Nikolas ainda não é a figura principal do PDB, mas pode vir a ser em algum momento.

Principais pautas dos parlamentares do PPB. Fenômeno nas redes sociais, Nikolas Ferreira se destaca também na força que projeta nas bandeiras de seu partido digital.
  1. A “punção” simbólica do STF é um dos eixos mais estáveis da retórica bolsonarista. Por que esse antagonismo com o Supremo funciona tão bem como cola afetiva? O que ele revela sobre a natureza do PDB?

Para criar essa coesão, o PDB precisa de inimigos, e um dos principais eleitos é o STF. Isso poderia ser explicado de duas formas. Uma é olhando para o longo prazo, pois o STF foi responsável por alguns avanços progressistas na sociedade nos últimos anos e por limitar o poder de Bolsonaro durante seu mandato presidencial. O PDB, assim como outras organizações de extrema-direita no mundo, tem investido para o enfraquecimento da democracia tal como ela tem funcionado – e isso inclui desestabilizar o Supremo. No curto prazo, o STF tem sido responsável por processos contra Bolsonaro e seu grupo político, como o que analisa a influência das Fake News no processo político-eleitoral. Ao mesmo tempo, o alvo no STF revela como o PDB age de modo coordenado em torno de sua estratégia de poder. É bom lembrar aqui que aumentar a bancada do Senado é um objetivo central de Bolsonaro para 2026, precisamente porque cabe a essa casa votar o impeachment de ministros do Supremo.

Alvo principal: parlamentares do PDB trabalham ativamente para atacar e desmoralizar o STF.
  1. Se amanhã o PL romper com Bolsonaro, ou mesmo se Bolsonaro sair de cena, essa máquina digital desmonta? Ou já estamos lidando com uma estrutura suficientemente autônoma para sobreviver ao seu criador?

Nós imaginamos que a estrutura já é suficientemente autônoma para sobreviver sem Bolsonaro, inclusive pela natureza descentralizada das redes sociais. Nesse sentido, é possível hoje existir um PDB sem Bolsonaro. Por outro lado, esse aspecto também lança um desafio para a capacidade de coordenação entre lideranças de um partido digital. Portanto, a permanência do PDB dependeria de como outras lideranças conseguiriam manter e manejar o capital político construído nos últimos anos por Bolsonaro e sua família. Existe potencial para isso em figuras como Tarcísio de Freitas, Nikolas Ferreira, entre outros. Resta saber se isso vai colar na base bolsonarista.

  1. O campo progressista parece estar sempre atrás nas estratégias digitais, nas quais os conservadores demonstram grande domínio, com narrativas coordenadas e potentes. O que a experiência do PDB nos ensina sobre comunicação política hoje — e o que ainda falta compreender?

A experiência do PDB mostra que o modo de funcionamento das redes digitais é fundamental para os partidos proporem clivagens políticas e organizarem o debate público. O PDB é formado por distintos subclusters (religiosos, da segurança pública, conservadores, etc) – para ficarmos nos termos das análises das mídias digitais – que se relacionam dentro de um cluster bem denso e ativo. Para o campo progressista isso tem sido mais difícil, pois ainda não está claro como seus partidos, especialmente o PT, vão se adaptar à era digital e, a partir disso, que lugar terá sua estrutura organizacional. Sem que essas questões sejam resolvidas, ficará cada vez mais difícil para o progressismo propor e comunicar clivagens que reflitam seu programa e estratégia. A defesa da democracia foi a clivagem proposta pelo campo progressista em 2022 e levou à eleição do Lula, mas ela pode não ser suficiente para mobilizar o eleitorado já no próximo pleito ou mesmo para barrar avanços conservadores na sociedade – tanto por seu conteúdo, quanto pela forma com que tem sido comunicada.

 

Equipe CCI/CEBRAP: Marcos Nobre, Ana Claudia Chaves Teixeira, Daniela Costanzo, Leonardo Martins Barbosa, Mércia Alves, Paulo Henrique Yamawake (concepção teórica, organização e pesquisa geral); Daniela Costanzo, Júlio Canello (análise de dados eleitorais); Equipe DX: João Guilherme Bastos dos Santos, Letícia Capone, Tiago Borges, Luana Hanaê Gabriel Homma; Carolinne Luck (análise de dados de redes sociais); e Moara Juliana (diagramação).

 

 


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Tags: bolsonarismoentrevista
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