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Irã-Israel: cartografia da destruição (senta, lê, e aprende um pouco…hoje é feriado, há tempo)

Foto do jornal Haaretz, de Tele Aviv, que mostra o centro médico Soroka, contraatacado pelo Irã nesta quinta

por oestadoacre.com
19 de junho de 2025
em Acre
guerra
Mandar no Zap

oestadoacre reproduz do Ópera Mundi, texto de Ricardo Queiróz Pinheiro nesta quinta de feriado no Brasil, um tempo que pode ser dedicado para aprender um pouco da história dos povos pelo mundo…


— Para quem anda espalhando islamofobia e clichês orientalistas nas redes – chamando povos inteiros de bárbaros, rotulando religiões como ameaça ou reduzindo uma região inteira a conflitos com povos bárbaros e fanáticos – recomendo a leitura atenta do texto de Tariq Ali. Não vai limpar o preconceito, mas talvez exponha o constrangimento de opinar com arrogância sobre mapas que não conhece, povos que nunca ouviu, histórias que nunca estudou.



A expressão ‘Oriente Médio’ não é geografia, é uma invenção pusilânime. Nasceu nos gabinetes ocidentais para nomear uma zona de vigilância, contenção e, se preciso, aniquilação

Por Ricardo Queiróz Pinheiro, no Ópera Mundi – Em janeiro de 2025, a New Left Review publicou um texto extenso e meticuloso de Tariq Ali: Terras Conquistadas (Conquered Lands). O que ele faz ali não é exatamente uma denúncia – é um mapeamento de guerra. Um mapa sujo, rabiscado a sangue, feito de tratados, pactos e alianças nas costas dos povos que sangram. Cada guerra, cada tratado, cada rearranjo territorial aparece como parte de uma engrenagem que não para de girar. Girando sempre na mesma direção: contra qualquer forma de soberania árabe ou muçulmana que não se ajoelhe diante do mercado, da doutrina estratégica e das armas do Ocidente.

O artigo parte da derrota do Império Otomano e acompanha a sequência de cirurgias imperiais feitas no corpo da região – primeiro por britânicos e franceses, depois por norte-americanos. Um século depois, o corte ainda está aberto. O que se vê hoje, com Gaza transformada em ruína ao vivo, é  simplesmente a consequência mais visível daquilo que foi meticulosamente instalado desde o início do século XX.

Mas antes de Gaza, antes de Oslo, antes mesmo das imagens de 1967 e das fotos em preto e branco da Nakba de 1948, há uma palavra: mapa.


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A expressão “Oriente Médio” não é geografia, é uma invenção pusilânime. Nasceu nos gabinetes de oficiais britânicos, franceses e norte-americanos como categoria estratégica para nomear uma zona de vigilância, contenção e, se preciso, aniquilação. Não se trata de uma região com coerência interna, mas de um espaço desenhado conforme os olhos e os interesses imperiais. Um nome funcional, conveniente, neutro apenas na aparência – uma ficção com consequências muito concretas.

Ao final da Primeira Guerra, com o Império Otomano em ruínas, o espólio foi repartido entre cavalheiros com gravata e uniformes militares. O Acordo Sykes-Picot, assinado antes mesmo da paz, já estabelecia a lógica do loteamento: aqui fica com a França, ali com a Grã-Bretanha. O que havia – cidades, tribos, línguas, tradições, convivências – virou obstáculo técnico. Daí em diante, tudo pôde ser desenhado: países, monarquias, minorias convenientes e religiões de estimação.

O Iraque nasceu como um Frankenstein colonial, com xiitas, sunitas e curdos costurados sob um trono emprestado à monarquia hachemita. O Líbano virou uma bomba-relógio sectária criada por engenheiros franceses para manter cristãos maronitas no comando e o resto do povo na fila. A Arábia Saudita foi concebida como peça-chave do tabuleiro – um pacto selado em 1945, a bordo do USS Quincy, entre Roosevelt e Ibn Saud, garantiu à monarquia wahhabita proteção militar em troca de petróleo barato e alinhamento absoluto. Desde então, a dinastia Saud administra repressão, doutrina religiosa e veto político com selo de aprovação ocidental. Os pequenos emirados do Golfo, por sua vez, foram moldados como postos de abastecimento e logística – refinarias cercadas de shopping centers.


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Tariq Ali não adorna o diagnóstico e nem usa meio termo. Os países não foram feitos para durar, nem para se desenvolver. Foram feitos para conter. E para conter melhor, deviam ser frágeis, dependentes, fraturados por dentro. Quando algum escapou desse molde – como o Egito de Nasser, o Irã de Mossadegh, a Síria antes da guerra –, o castigo veio rápido: sabotagem, golpe, bombardeio, embargo, guerra por procuração. As poucas tentativas de soberania popular que surgiram na região foram esmagadas com método. O Egito de Nasser, o Irã de Mossadegh, o Iraque do Baath – todos foram neutralizados antes que amadurecessem como alternativa real. O nacionalismo árabe, laico e popular, foi apresentado como ameaça à estabilidade. E eliminado como tal. O que restou no lugar: ditaduras domesticadas, guerras intestinas e Estados vigiados. Um manual de instruções que os impérios seguem à risca, sem pressa e sem remorso.

O século XXI só aperfeiçoou a operação.

Iraque: desmontado com base em um PowerPoint do Pentágono.

Líbia: esmagada por uma coalizão que jurava defender direitos humanos com aviões da OTAN.

Síria: transformada em laboratório para rebeldes terceirizados, drones e jornalistas embedded.

Tudo em nome da democracia, claro. Ou da liberdade. Ou da estabilidade. O nome muda, a lógica não.

É nesse cenário que se encaixa a tensão entre Israel e Irã. Não como uma anomalia, mas como ponto focal de uma arquitetura muito bem montada. De um lado, Israel: potência nuclear não declarada, blindada pelos Estados Unidos, com licença permanente para bombardear qualquer um sob a desculpa de sempre. Do outro, o Irã: um regime clerical, autoritário, cercado por sanções e sabotagens, mas com capilaridade regional suficiente para incomodar quem se julga proprietário da ordem.


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Israel diz que o Irã ameaça sua existência. Difícil conter o espanto. O país que de fato tem ogivas, submarinos nucleares e apoio irrestrito de Washington – esse é o que precisa se defender. E o Irã, que tenta manter alianças frágeis com vizinhos semi-destruídos, é o inimigo existencial. É assim que se constrói a moral geopolítica: chamando de segurança aquilo que é supremacia.

Tariq Ali mostra como os EUA, ao invadirem o Iraque, acabaram fortalecendo o Irã ao empoderar a maioria xiita. O que era para ser contenção virou catalisador. Desde então, toda movimentação iraniana na região – no Líbano, no Iêmen, no Iraque – é enquadrada como ameaça. E qualquer reação, mesmo a mais tímida, como provocação intolerável.

E enquanto essa disputa se desenha no campo da intimidação diplomática, Gaza vira o campo de testes. Israel testa armas, testa limites, testa o silêncio das nações e a tolerância da opinião pública. E tem passado em todas as provas. Nenhuma consequência. Nenhum recuo. Nenhuma ruptura. O Egito guarda a fronteira como quem guarda segredo. A Jordânia balbucia lamentos. A Arábia Saudita gerencia interesses. O Qatar se indigna, mas não rompe com nada.

E o Irã? Até outro dia observava, calculava, absorvia ataques e reagia dentro dos limites que lhe restavam. Agora está no centro da guerra. Generais, cientistas e líderes políticos vêm sendo sistematicamente eliminados – em casa e fora. Como em Damasco: explosões cirúrgicas, sabotagens internas, divisão operada com bisturi. As respostas continuam calibradas, quase didáticas – como se avisassem que podem muito, mas ainda não. Porque sabem: o tabuleiro não é apenas militar. É político, econômico, narrativo. E Gaza continua no centro da equação.


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A estratégia é simples: manter a região sob tensão, impedir qualquer redistribuição real de poder, garantir que nenhum país árabe ou muçulmano exerça soberania fora dos trilhos. E para isso, vale tudo. Cerco, mentira, fome, massacre. O custo, como sempre, é jogado no colo dos civis.

Ali sugere que, apesar da passividade dos Estados árabes, há uma raiva subterrânea crescendo. As ruas se calaram, mas não esqueceram. Talvez não faltem revoltas – falte escuta. Faltam palavras que escapem dos governos e voltem a pertencer aos povos.

A história contada por Tariq Ali não quer explicar Gaza. Quer mostrar porquê Gaza sempre volta. Porque o mapa desenhado em 1916 nunca foi apagado. Ele apenas mudou de formato. E hoje é sobreposto por outro mapa, feito de satélites, checkpoints, cercas e algoritmos. Mas a lógica segue: controlar, dividir, castigar.

O que se vê em Gaza hoje não é uma tragédia nova. É o resultado de um script que ninguém quis interromper. Um século de devastação cuidadosamente administrada. A modernização da barbárie. A democracia liberal ocidental – tão incensada quanto cúmplice – tem suas digitais cravadas nesse estado de coisas.

Para quem anda espalhando islamofobia e clichês orientalistas nas redes – chamando povos inteiros de bárbaros, rotulando religiões como ameaça ou reduzindo uma região inteira a conflitos com povos bárbaros e fanáticos – recomendo a leitura atenta do texto de Tariq Ali. Não vai limpar o preconceito, mas talvez exponha o constrangimento de opinar com arrogância sobre mapas que não conhece, povos que nunca ouviu, histórias que nunca estudou.

(*) Ricardo Queiroz Pinheiro é bibliotecário, pesquisador e doutorando em Ciências Humanas e Sociais.


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Tags: artigoconflitoirãisrael
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