Na fronteira entre Brasileia e Cobija, a linha que separa os dois países é mais simbólica que real. Foi ali que o boliviano Manuel Cossio Lit, nascido em Cochabamba, decidiu recomeçar a vida há 18 anos. Construiu família, criou raízes e virou parte da rotina da cidade acreana.
Mas em 2024, tudo mudou. Diagnosticado com leucemia, precisou ir a Porto Velho para tratar a doença. Antes da viagem, procurou a Polícia Federal para regularizar a documentação — e descobriu que havia contra ele uma antiga medida de expulsão do Brasil, aberta há mais de 15 anos.
Sem recursos, buscou ajuda na Defensoria Pública do Acre. O defensor Pedro Henrique Santos Veloso assumiu o caso, enviou pedido ao Ministério da Justiça e argumentou que a decisão era injusta e contrária à Lei de Migração, que garante o direito à defesa e reconhece vínculos familiares.
A Defensoria ainda ajudou Manuel a formalizar a união estável com sua companheira brasileira, reforçando o vínculo afetivo e legal. O Ministério da Justiça acatou o pedido e, em setembro de 2025, revogou a expulsão.
Hoje, Manuel segue o tratamento em Porto Velho, tranquilo e protegido pela lei que reconheceu o que a vida já tinha mostrado: ele é parte do Brasil.
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